Blog duma gaja... bem... esquisita, estranha, tarada:) Enfim... queer!

10.05.2005

Sida

Ontem foram publicadas imensas notícias sobre a fragilidade de Portugal no combate à Sida.
Irritantemente, e apesar de já não ser um grupo de risco, todas as recolhas estatísticas continuam a referenciar os homossexuais/bissexuais, quando a taxa de infecção neste grupo ronda cerca de 10%, o que é provavelmente até inferior à percentagem de homossexuais/bissexuais existentes na população portuguesa.
A única boa conclusão que podiam tirar deste uso errado e persistente desta categoria é que é cada vez mais urgente fazer uma campanha que tenha como público-alvo os não homossexuais/bissexuais, ou seja, uma campanha que alarme especificamente este público e que lhes diga que, por não serem homo ou bi não quer dizer que estejam a salvo, pelo contrário, estão mais em perigo. Tanto mais que o padrão epidemiológico, em todo o tipo de infecções ligados à Sida, tem sido, desde finais de 90, um crescimento proporcional da infecção heterosexual e respectiva diminuição dos toxicodependentes - este ano a taxa dos heteros é já de 54% (os homo já sairam desta contabilidade).
Outra campanha urgente é a dirigida aos homens hetero, com parceira, com mais de 45 anos - estes homens não só estão cada vez mais contaminados como continuam a contaminar as suas parceiras.
Outra campanha ainda é a dirigida aos emigrantes, e outra ainda aos trabalhadores temporários.
Não deixa de ser importante salientar que a taxa nos grupos homo também pode crescer com a ilusão de que basta fazer um frágil acordo de fidelidade e/ou uso de preservativo quando com terceiros com o parceiro, e com a ilusão de que hoje os retrovirais curam tudo.
Para resumir: em Portugal continuamos a temer as campanhas aguerridas e a linguagem clara.
Vejam a pág. 26 deste relatório (de Novembro de 2004) e testemunhem como, em 2003, Portugal tinha a taxa de incidência mais elevada de TODOS os países europeus, com valores que são quase o triplo dos valores dos países que a têem mais alta...
Outra coisa que não percebo é porque é que quando se fazem notícias sobre a situação portuguesa existem determinados dados, como estes, que não são mencionados; quando são os principais dados de referência do momento. Acho que devia haver jornalistas especializados no assunto, ou então há, mas não fazem o trabalho de casa...