Blog duma gaja... bem... esquisita, estranha, tarada:) Enfim... queer!

1.24.2006

Deleuze

Desculpem, esta já foi. Também fui apanhada de surpresa. Colóquio hoje no Franco-Portugais. Bastantes boas apresentações. Muita gente fresquinha no trabalho sobre o autor. Bastante consistência.
Muito pouco feedback do público - a indesculpável quase total ausência dos académicos portugueses pode estar na base disso. Mas fundamental é acreditar que estes colóquios podem servir para convocar um povo de leitores, de filósofos. Nesse sentido, a sala estava cheia e a expectativa era muita - e sentia-se autêntica e atenta. Traduzindo: a sala estava cheia não de estudantes que vêem cumprir a obrigação de ouvir o seu professor, mas provavelmente de ex-estudantes de filosofia e das artes, provavelmente há muitos anos à espera de, em português, terem acesso a Deleuze, a debater Deleuze. Parabéns e obrigada ao Prof. Nuno Nabais por esta aposta.
É óbvio que me identifico com estes trintões e quarentões que lá estavam. Li algum Deleuze pontualmente - as suas leituras de Espinosa, de Leibniz, de Kant, na faculdade. O que foi sendo traduzido em português depois, Difference et repetition, não me lembro se parte ou todo Logique du Sens. O livro de Sousa Dias, aí há 10 anos, única leitura portuguesa publicada. Há meia dúzia de anos o Anti-Édipo e, este Verão, em Toledo, cidade da grande tradução, Mille Platêaux (escusado dizer que a combinação foi mágica). Digamos que me sinto madura para recomeçar a ler Deleuze de fio a pavio. E já faltou mais para isso - este colóquio foi a convocatória final:)
Fantástico mesmo era ler, ao mesmo tempo, por ordem cronológica de escrita, Deleuze e Foucault.
É que não é por acaso que algum Deleuze é hoje uma das grandes inspirações dos estudos queer.