Delírios lacanianos
Há uma entrada de Álvares em “Lacan e o feminino”. Aí se reafirma a indiferença sexual do primado do significante fálico (que significa, para homens e mulheres, que a sexualidade humana não existe fora das significações), se reafirma portanto o falo como símbolo da falta em ambos (castração no homem e inveja do pénis na mulher).
Mas Lacan foi sensível ao facto das mulheres serem mais negativamente definidas desta forma do que os homens e tenta reflectir sobre o que Álvares chama “a irredutibilidade da sexualidade feminina ao falo”, mas sem abdicar da sua função estrutural (procurando portanto a diferença na igualdade). Álvares refere que é no seminário Encore (1972-73) que Lacan afirma que A mulher não existe e elas não estão todas na função fálica. A justificação desta afirmação, principalmente no que se refere à dita não universalidade da mulher, é delirante e só se justifica, no meu entender, porque Lacan, tal como Freud, era um fascinado pelo desejo e prazer das mulheres e tinha de encontrar uma forma de falar do que Álvares denomina “gozo suplementar para lá do gozo fálico”, “situando-se num além ou num aquém do significante”.
E o que me parece incrível é como é que tão excelentes teóricos da sexualidade não resistem a contaminar a teoria com aspectos que relevam apenas do facto das mulheres serem mais facilmente multiorgásmicas do que os homens e, regra geral, terem mais endurance sexual – inferir daqui toda uma outra estrutura do desejo, não sei não...
Lacan deveria ter percebido que é o corpo em relação, indiferentemente de ser corpo de homens ou de mulheres, que está aquém e além do significante – em vez de remeter, de novo, a especificidade das mulheres para um para lá ou para cá da cultura, da razão, do discurso...
Mas Lacan foi sensível ao facto das mulheres serem mais negativamente definidas desta forma do que os homens e tenta reflectir sobre o que Álvares chama “a irredutibilidade da sexualidade feminina ao falo”, mas sem abdicar da sua função estrutural (procurando portanto a diferença na igualdade). Álvares refere que é no seminário Encore (1972-73) que Lacan afirma que A mulher não existe e elas não estão todas na função fálica. A justificação desta afirmação, principalmente no que se refere à dita não universalidade da mulher, é delirante e só se justifica, no meu entender, porque Lacan, tal como Freud, era um fascinado pelo desejo e prazer das mulheres e tinha de encontrar uma forma de falar do que Álvares denomina “gozo suplementar para lá do gozo fálico”, “situando-se num além ou num aquém do significante”.
E o que me parece incrível é como é que tão excelentes teóricos da sexualidade não resistem a contaminar a teoria com aspectos que relevam apenas do facto das mulheres serem mais facilmente multiorgásmicas do que os homens e, regra geral, terem mais endurance sexual – inferir daqui toda uma outra estrutura do desejo, não sei não...
Lacan deveria ter percebido que é o corpo em relação, indiferentemente de ser corpo de homens ou de mulheres, que está aquém e além do significante – em vez de remeter, de novo, a especificidade das mulheres para um para lá ou para cá da cultura, da razão, do discurso...
4 Comments:
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14:07
Confesso que me estou um bocado nas tintas para o Lacan....mas adoro este blog, a tua loucura...o teu vício doentio/louco pelo "Queer"...damn...mas confesso o meu total fascínio "por um todo"....chamado Anabela Rocha....Já nos conhecemos, mas nunca fomos íntimas...nem amigas se quer....outros rumos! Observei-te às uns meses na FNAC....e que fazer...mesmo louca varrida...és das lésbicas mais interessantes que por aí andam. A "C" nem sabe o que perdeu....enfim...contemplar nunca fez mal a ninguém....
00:57
LOL! Recomendo a leitura de O Complexo de Di, do escritor Dai Sijie.
Cumprimentos lgbt!
11:25
Ora ainda bem que os postzitos vão inspirando uns e outr@s, como se vê pelo comentário da Grace e pela sugestão do Augusto.
Agradeço a simpatia da pessoa anónima - mas não sou assim tão louca varrida, só às vezes:) Por outro lado, agradeço que não se refira à C. com essa ligeireza, principalmente não nos conhecendo, porque perder perde-se sempre quando termina uma relação não é verdade? E ambas as partes. E são perdas bastante sérias - e privadas.
15:28
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