Blog duma gaja... bem... esquisita, estranha, tarada:) Enfim... queer!

9.03.2006

Delírios lacanianos

Há uma entrada de Álvares em “Lacan e o feminino”. Aí se reafirma a indiferença sexual do primado do significante fálico (que significa, para homens e mulheres, que a sexualidade humana não existe fora das significações), se reafirma portanto o falo como símbolo da falta em ambos (castração no homem e inveja do pénis na mulher).
Mas Lacan foi sensível ao facto das mulheres serem mais negativamente definidas desta forma do que os homens e tenta reflectir sobre o que Álvares chama “a irredutibilidade da sexualidade feminina ao falo”, mas sem abdicar da sua função estrutural (procurando portanto a diferença na igualdade). Álvares refere que é no seminário Encore (1972-73) que Lacan afirma que A mulher não existe e elas não estão todas na função fálica. A justificação desta afirmação, principalmente no que se refere à dita não universalidade da mulher, é delirante e só se justifica, no meu entender, porque Lacan, tal como Freud, era um fascinado pelo desejo e prazer das mulheres e tinha de encontrar uma forma de falar do que Álvares denomina “gozo suplementar para lá do gozo fálico”, “situando-se num além ou num aquém do significante”.
E o que me parece incrível é como é que tão excelentes teóricos da sexualidade não resistem a contaminar a teoria com aspectos que relevam apenas do facto das mulheres serem mais facilmente multiorgásmicas do que os homens e, regra geral, terem mais endurance sexual – inferir daqui toda uma outra estrutura do desejo, não sei não...
Lacan deveria ter percebido que é o corpo em relação, indiferentemente de ser corpo de homens ou de mulheres, que está aquém e além do significante – em vez de remeter, de novo, a especificidade das mulheres para um para lá ou para cá da cultura, da razão, do discurso...

4 Comments:

Blogger Grace said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

14:07

 
Anonymous Anónimo said...

Confesso que me estou um bocado nas tintas para o Lacan....mas adoro este blog, a tua loucura...o teu vício doentio/louco pelo "Queer"...damn...mas confesso o meu total fascínio "por um todo"....chamado Anabela Rocha....Já nos conhecemos, mas nunca fomos íntimas...nem amigas se quer....outros rumos! Observei-te às uns meses na FNAC....e que fazer...mesmo louca varrida...és das lésbicas mais interessantes que por aí andam. A "C" nem sabe o que perdeu....enfim...contemplar nunca fez mal a ninguém....

00:57

 
Blogger Gus On Earth said...

LOL! Recomendo a leitura de O Complexo de Di, do escritor Dai Sijie.
Cumprimentos lgbt!

11:25

 
Blogger Anabela Rocha said...

Ora ainda bem que os postzitos vão inspirando uns e outr@s, como se vê pelo comentário da Grace e pela sugestão do Augusto.
Agradeço a simpatia da pessoa anónima - mas não sou assim tão louca varrida, só às vezes:) Por outro lado, agradeço que não se refira à C. com essa ligeireza, principalmente não nos conhecendo, porque perder perde-se sempre quando termina uma relação não é verdade? E ambas as partes. E são perdas bastante sérias - e privadas.

15:28

 

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