Blog duma gaja... bem... esquisita, estranha, tarada:) Enfim... queer!

3.19.2006

Assexuais - lgtbia?

O Correio da Manhã publica hoje um interessante artigo sobre assexualidade, muito graças às declarações do neuropsicólogo Carlos Rodrigues.
A assexualidade começa a surgir como mais uma identidade sexual e, para mim, é assim uma espécie de quadro branco, ou seja, o gesto final do nosso paradigma sexual em crise, que se caracterizou pela invenção dum corpo sexualmente mapeado (separando zonas erógenas de zonas não erógenas), de actividades físicas que seriam sexuais (separadas de actividades físicas não-sexuais), e de identidades sexuais (caracterizadas por usos específicos desse corpo sexual e dessas práticas sexuais).
Nesse paradigma, a assexualidade tem tanto direito de cidadania como qualquer outra identidade sexual. Mas, mais importante do que defender ou patologizar a assexualidade é analisar o quanto nela pode existir de cumplicidade em actividades físicas, que podem ser para esses sujeitos ditos assexuais (ou para qualquer um de nós numa determinada fase da vida ou das relações), tão sexuais como a prática sexual tradicional mais escandalosa.
Clarificando: o que me parece perigoso, porque necessariamente incompleto como relação humana, é a relação sem qualquer tipo de cumplicidade física - nesse sentido, considero que as pessoas que se relacionam via net, como se fossem meras almas (e não incluo neste grupo as que praticam sexo virtual), pessoas com relações incompletas. Qualquer outra relação/cumplicidade física que as pessoas entendam consensualmente considerar erótica ou amorosa, para mim está muito bem.
Ou seja, quando critico as definições de lesbianismo des-sexualizadas, que falam do lesbianismo como irmandade feminina, ou irmandade política, ou seja, sem qualquer relação física que seja interpretada pelos agentes como erótica, o que critico é a falta de corporalidade da definição, e não estritamente/classicamente a sua falta de sexualidade. É neste sentido que sou uma lésbica pró-sexo - mas mais correcto seria dizer-se pró-corpo-em-relação.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Apoiadíssimo!!!!
Direi mesmo mais, sou uma lésbica pró-sexo - mas mais correcto seria dizer-se pró-corpo-em-relação, pro-alma-em relação, pró-vida-pequenina-de-todos-os-dias-em relação, pró-partilha de tudo e de mais um bar de botas. E, depois, fase "B" - aprendar a não pisar os calos, a não vampirizar, a não se omitir, a não abafar, a ser duas e a ser uma, conformemente e conforme o momento. Isso é que era de verdadeira artista!Será que pode?

16:24

 
Blogger Anabela Rocha said...

Cada qual estabelece os contratos tácticos ou expressos que entende. Para mim não vale a pena virem com essa história da "partilha de tudo." A minha costela "masculina":) e "stone":)) é caladita e reservada - terá sempre um mundo que é só seu, porque sim.

16:41

 
Anonymous Anónimo said...

Então isso não será a fase "B"?
O que é a costela stone?

17:09

 
Anonymous Anónimo said...

E até os probrezinhoas de espírito terão sempre um mundo que é só seu, né? A não ser que a aplicação da telepatia dê um grande salto...

17:12

 
Blogger Anabela Rocha said...

Sal e pimenta: o que eu quis dizer foi que sou uma pessoa regra geral reservada, principalmente no que às emoções diz respeito, muito ao jeito do masculino tradicional - não é só questão de ter um mundo só meu; é questão também de que tendo a não o expressar.
Quanto ao stone, estou-me a referir ao stone como em stone butch, ou seja, simplisticamente, a lésbica que prefere dar a receber prazer, ou prefere defender-se emocionalmente ao não colocar nas mãos de outra pessoa o seu prazer - é ao fechamento desta lésbica emocional que me estou a referir.

19:33

 
Anonymous Anónimo said...

Não expressarás muito, mais o k se vê é encantador... Adiante.
Pessoalmente, é-me muito gratificante ver a minha parceira exultante de prazer, independentemente da fase em k eu estou, mas nunca encarei isso como uma postura particular, é apenas questão de deixar fluir e usufruir do k vai acontecendo. O meu prazer tanto pode ficar nas suas mãos como nas minhas, questão de acaso e/ou ritmo.
Nada me custa exteriorizar os meus sentimentos, talvez até precise de treinar 1 pouco de contenção. Enfim, feitios.

20:33

 
Anonymous Anónimo said...

E depois há aquele velho esquema da "comunicação": emissor-receptor-código-meio-mensagem-ruído. Como é que fica a comunicação qd uma menina se remete à classe da ostra (ops,sem maldade...), quero dizer, se se remete à sua concha mal pressente que estar a ir no balanço? A entrega não e 1 abandono? Temos uma necessidade de deter poder em todos os momentos da vida?

21:04

 
Blogger Anabela Rocha said...

Ó sal e pimenta: comunicações há muitas:) Eu apenas disse: 1) que tenho dificuldade em expressar emoções; 2) que, por feitio, não sou aquela pessoa que chega a casa e relata o dia todo, todas as conversas, etc. Não penso que tenha a ver com questões de poder; tem muito mais a ver com o facto de ter sido criada numa família de poucas palavras e pouca expressão de afectos. Mas até eram bons tipos:)

22:20

 
Anonymous Anónimo said...

Ó Anabela, se 1)ter dificuldade em expressar emoções te incomoda então é caso a tentar resolver; senão, tudo bem, siga para bingo!
2)chegar a casa e relatar o dia todo não tem graça nenhuma porque "o dia todo" tem quase sempre mais de chatérrimo do k de interessante... Poupemos portanto munições e usemos só o k vale como extra-ordinário. 3) Todas as relações são relações de poder (ou não entendes assim?) A questão é se o queres exercer ou se foges desse jogo. 4)Poucas palavras não é necessariamente mau, mau é muitas e más, inúteis, castradoras, preconceituosas (isso sim, é mais ruído k mensagem...), embora a comunicação verbal e gestual seja necessária em qualquer (micro)cosmos. 5)Podemos ser excelentes tip@s mas se estamos sempre na sombra, envergonhados, de pouco serve e não ajuda muito ao crescimento de quem começa por gatinhar e depois quer voar. É como se não estivessem lá... Já me aconteceu, excelentes pessoas cometerem os piores crimes (e não falo de crimes de polícia, obviamente) por amor.

22:35

 
Blogger Anabela Rocha said...

Sal e pimenta: sim, todas as relações são de poder. E sim, o meu temperamento reservado é uma forma de o exercer e de ser exercida. Com as cartas na mesa.
Quanto ao resto, há que nos reconciliarmos com as nossas limitações e as dos outros.
E perceber que vivemos numa civilização do confessionalismo emocional, da privatização do emocional. Conforme viu, e bem, eu expresso muita coisa publicamente; não exactamente no registo emocional a que as pessoas podem estar habituadas, mas num registo definitivamente mais público do que privado.

08:27

 
Blogger Babs said...

Adorei seu blog! Seus textos são excelentes! Obrigada por partilhar suas opiniões!
Quanto a assexualidade, concordo. Independente de ser uma fase, ou característica pessoal, ou apenas um caminho pelo qual a pessoa decidiu trilhar, merece o respeito e dignidade tanto quanto qualquer outra opção. Mas também concordo que é uma relação imcompleta. Não consigo conceber uma relação, cujo o princípio talvez seja exatamente compartilhar, sem sexo, ou mesmo uma vida sem sexo.

22:55

 
Anonymous Anónimo said...

Para você que é sexual é inconcebivel, da mesma forma que para quem é hetero(masculino) é inconcebivel se atrair por homens. Estamos falando de ASSEXUAIS, para essa população sexo não é importante e mesmo assim sentem-se completos em suas relações,ou seja, não estamos falando do que você acha importante ou "concebivel" se vc não concorda guarde sua opinião, ninguém quer saber. Esta abordagem ou tema não são para pessoa que pensam como você, trata-se de um outro publico, então se não entede, o que faz aqui?

21:36

 

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