Casamento na agenda
O casamento homossexual entrou definitivamente na agenda noticiosa quando são os próprios jornalistas a inquirir candidatos presidenciais sobre ele.
Para isso tem contribuído a campanha da Ilga Portugal pela recolha de assinaturas, assim como o debate realizado, os dossiers dos jornais diários portugueses, e também as notícias das agências internacionais sobre os "casamentos" ingleses (que, ironicamente, não são casamentos mas que, por serem noticiados em inglês, são os que mais contaminam as agendas mediáticas em todo o mundo; note-se como foi diferente com o caso e debates nos países francófonos...).
A estratégia legal da Ilga é boa e é a mesma que eu própria tentei dinamizar na Opus, exactamente com a mesma dificuldade em arranjar casais dispostos a pagar o preço de alguma possível publicidade (chegaram a ser 12 os casais dispostos a avançar mas ninguém esteve disposto sequer a arriscar a publicidade que consistiria em publicitar o nome dos dois num canto do Registo para eventuais contestações:(
E continuo convencida que é apenas uma questão de tempo e de gestão desta agenda até que o 13º da Constituição leve aos efeitos de igualdade que promete.
Apesar de ter muitas reticências pessoais quanto a casar-me e quanto a outras questões de todo este processo, sou a primeira a concordar que as vantagens simbólicas na luta contra a homofobia, pelo efeito pedagógico que esta conquista pode ter, são muitas. Essas vantagens existem já no próprio agendamento da questão. Daí que compreenda a prioridade que muitos dão à luta contra a homofobia mas que entenda que esta questão do casamento faz parte dela - é claro que, em Portugal, tem-se dado prioridade às conquistas legais sobre as sociais e isso algum dia tem que mudar. Mas continua a faltar uma campanha activa do Estado a favor da diversidade, o que seria fundamental numa viragem para uma política anti-discriminação de cariz mais social. É lamentável que um Governo de esquerda não mostre vontade política para isso...
1 Comments:
Helena, comentário curioso o teu:)
1) havia mulheres sim, mas assim de cor penso que não havia nenhum casal de ambas portuguesas a residirem em Portugal; havia portuguesa/brasileira, portuguesa/holandesa, portuguesas a residirem no estrangeiro...
2) penso que o medo também se combate politicamente - não é por acaso que esse medo de que fala o José Gil nasceu do salazarismo; e deveria morrer com uma democracia sustentada em políticas activas contra a discriminação e a favor da diversidade (já sem falar da promoção das simples práticas públicas do que quer que seja)
3) já tivemos um casamento comercial: foi o daquele cantor pimba, que "casou" e descasou pela publicidade
4) quanto às pessoas que referes penso que levam provavelmente exactamente a vida que querem levar, do ponto de vista sexual e social; ou seja, não penso que exista uma vida mais verdadeira pós-suposto-coming-out eventualmente à espera delas. A não ser que sejam homossexuais monogâmicos que desejem casar - mas não me parece:)
10:02
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