Baahhh!
(expressão de desilusão mais conforme ao pós-visionamento de One Night Stand:)
Pois que o filme indiano foi interessante, as meninas bonitas, a curiosidade de ser uma Índia cristã; e também curiosa a falta de resolução final (entre um mau e um bom fim).
Pois que Hate Crime não é um doc mas sim um filme (enganou-me porque vinha como Hate Crimes no programa) - dos 15 m que vi bastante mainstream e algo desinteressante.
Pois que One Night Stand não é um filme mas sim uma desilusão. Teria sido útil realizadora e actrizes terem feito uns workshops de contrasexualidade antes de o filmarem; e já agora umas leiturazinhas da realizadora quanto à gramática visual tradicional da pornografia também teriam ajudado a não cair em tantos lugares comuns (só como exemplo, a certa altura a obrigatoriedade do orgasmo de pelo menos uma das parceiras, em pessoas que estavam a ser filmadas para exibição pública pela primeira vez, tornava-se penosa).
A contra-sexualidade pretende contribuir para uma nova gramática sexual, de significações menos fixistas e mais transitivas. A citação subversiva do uso de dildos é apenas uma das práticas de re-significação. Mas, num filme tão cheio de dildos, nem isso é feito - eles são sempre usados no mesmo lugar (material e simbólico) do pénis e não há dildificação doutros orgãos ou objectos. Enfim, há um felatio a um dildo/pénis dum trans F-M, mas pouco trabalhado. O fist fucking também não recontextualiza suficientemente o dildo/mão-antebraço noutras citações que não a penetração vaginal (quando a analização, de qualquer orgão corporal, é a segunda regra sugerida da contrasexualidade). Mesmo o SM contratualizado, terceira sugestão, aparece como incipiente, não explicitamente contratualizado e novamente sem recontextualização dos instrumentos.
O filme resulta numa mostra das origens da contrasexualidade: a revolta lésbica SM pela visibilidade duma sexualidade feminina mais hard. Mas esse foi só o ponto de partida. Há que saber sair daí para ir mais longe.
Como grande ponto positivo saliento as imagens - e o som - dos genitais femininos em práticas lésbicas ao vivo e a cores.
5 Comments:
Eu atrevo-me a fazer uma pergunta sobre o "One Night Stand" por uma questão filosófica...
No post anterior falavas que era um filme sobre Lésbicas Cissexuais e FtMs. Posso assumir que as... ahh, como hei-de eu dizer isto... as cenas de sexo são entre as L Cis e os FtMs, ou só entre cada "comunidade"?
Isto porque se são cenas "mistas", não vejo onde está o Lesbianismo das L Cis (excepto a nível genital, se os FtMs são pre ou non-op), e a classificação delas como tal revela um bocadinho sobre o que parte da comunidade L Cis pensa sobre a Transexualidade Masculina.
Eu tenho a ideia que a aceitação / rejeição da Transexualidade por parte das Mulheres Cissexuais, particularmente as Lésbicas e / ou Feministas não é uma questão consensual, e é uma questão muito interessante para mim, por várias razões, e particularmente no contexto Feminista.
Quanto ao resto do post, li-o com uma mão sobre os olhos e a outra sobre o crucifixo :D
19:35
Este comentário foi removido pelo autor.
20:07
L: então especificando: os trans F-M eram pre-op e faziam sexo com mulheres cis. Quem era lésbic@ no meio disto? Não sei, nem me interessa!:)
Resumindo: quando as categorias do género tremem as da orientação sexual caiem no mesmo passo, né?
11:05
É... aí está uma pescadinha de boca no rabo.
Cumprimentos
14:23
Humm. Sim, suponho que tens razão. E sei, pelo que escrevi, podem pensar que tenho uma ideia mais ou menos rígida do género e sexualidade, o que não é verdade. ;)
Mas a questão não estava tanto em saber qual era a sexualidade delas e deles, era mais em como cada grupo encarava o outro, não sexualmente, mas em termos de identidade de género. É uma questão de legitimização da personalidade e não da genitália, que é importante quando a nossa identidade não é reconhecida universalmente.
Teoria a mais novamente? Provavelmente. :D
23:42
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