Centralidades (e margens)
Este ano parece que é mesmo; após o anúncio não confirmado em agenda da CML no ano passado, é este ano que o Arraial Pride será no Terreiro do Paço. Esta festa contribui assim, no Ano Europeu da Igualdade, para a afirmação simbólica da centralidade da cidadania lbgtq no país.
Outro sinal de centralidade é a chegada ao Tribunal Constitucional do pedido de casamento de Teresa e Helena; ser possível a simples formulação jurídica do pedido junto do principal Tribunal do país é já um sinal de centralidade/poder. A impossibilidade jurídica dele ser negado, à luz do artigo 13 da Constituição, será outro. Resta agora saber se tal reconhecimento de igualdade simbólica chegará por via jurídica ou política: resumindo, se o Governo terá coragem política para aprovar aquilo que a lei já obriga ou se aguardará passivamente pela resposta judicial.
Por fim, a Marcha do Orgulho sai da Avenida para o Príncipe Real. Desconheço quais as razões das associações promotoras. Mas o reconhecimento de que a cidadania lgbtq implica sempre também um percurso alternativo, um diálogo próximo das margens, dos espaços publicamente ambíguos (como os jardins sempre foram), é uma boa possibilidade.
Nas margens de tudo fica também a homofobia, visível e invisível, em relação à qual todas as lutas estão ainda por fazer. Daí que a marcha, enquanto luta contra o medo, continue a ser o acto mais político e mais necessário de todos.
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