Cognitivamente iguaizinhos
São às dezenas os artigos e capas de revista em Portugal que, por ano, fazem manchetes quanto às diferenças biológicas, nomeadamente cerebrais, entre homens e mulheres. Como eu gostava que, para variar, se dessem ao trabalho de lerem coisas como esta.
6 Comments:
É daquelas coisas que é uma espécie de "mito urbano", toda a gente fala mas ninguém ainda o comprovou na realidade apesar dos imensos estudos que se fazem na área da neurofisiologia e não só.
10:39
Hmm! :)
Desculpem discordar, mas acho que nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Existem algumas diferenças biológicas entre diferentes pessoas, e que podem ter potencialmente algum (o "algum" possivelmente nunca será assim tanto, e poderá ser até anulado pela aculturação) impacto naquilo que são (ou podem vir a ser), não só a nível físico, como psicológico. E essas diferenças estão mais ou menos bipolarizadas, em relação ao sexo.
Não posso concordar com determinismos absolutos, mas, tendo passado de uma "biologia endócrina" masculina para feminina, certamente que senti diferenças, a nível da psique, e da cognição (é um cliché terrível, mas as minhas capacidades de visualização tridimensional sofreram um impactozito!). Mas isto não significa que ache que a divisão entre os sexos não tem mais de social que de biológico, e que uma pessoa não se possa tornar naquilo que quer ser, e ter as capacidades que quer ter, independentemente da sua biologia.
(Agora p.f. não me batam muito! :)
14:25
Siona: o texto é sobre capacidades cognitivas, não sobre sistema hormonal.
Tu afirmas que mudaram por razões hormonais; eu diria que, mais provavelmente, mudou a tua percepção delas (o tal aspecto psicológico) e a tua necessidade de corresponder ao estereótipo.
No entanto, quem te diz isto é alguém que por vezes fica doida com a influência do síndroma pré-menstrual na minha disposição e interesses...
23:54
Anabela: mudaram, essa e outras "capacidades", de maneira rápida o que chegasse (uma questão de semanas após o início da terapia hormonal) para ter a certeza que essas capacidades estão relacionadas com a mudança hormonal (a visualização tridimensional não é o melhor exemplo, existiram traços que se destacaram mais). Acho que não me iria tornar numa pior "visualizadora" só para poder corresponder a um estereótipo!
E o período menstrual, ou quando alguém como eu fica sem alguma da medicação hormonal durante algum tempo (nem sempre há farmácias por perto de ti...), mostram que realmente há (alguma) ligação entre a biologia, e capacidades, e comportamentos.
Compreendo que isto tem um peso político muito grande, mas, apesar da nossa aculturação complexa, ainda somos orgânicos.
(mas aproveito para reforçar o que disse no último parágrafo do meu comentário anterior)
00:18
Siona: conforme prova o estudo (e volto a frisar que fala de capacidades cognitivas só), muito depende da nossa percepção inconsciente e culturalmente interiorizada do estereótipo sim! Veja-se o teste de matemática que foi feito com e sem anúncio prévio de que era difícil para as mulheres...
A mente é um sistema auto-organizado de atribuição de significados, com isso produzindo identidade; o funcionamento biológico dela é importante, mas ela segue critérios sócio-culturais na sua auto-organização significante... Senão, como poderia recusar um género biológico, e identificar-se com outro?
09:26
"muito depende da nossa percepção inconsciente e culturalmente interiorizada do estereótipo"
Muito não é igual a tudo, era isso que queria dizer! ;)
Porque é que algumas pessoas "recusam" um sexo biológico, e se identificam com o outro? Também pode ser por influências biológicas, porque não há dois sexos, como não há dois géneros - como costumo dizer, existem uns 6 mil milhões de cada! Mas não tenho dúvidas que a cultura, a sociedade, e maneira como interpretamos o mundo, e a nós própri@s, também têm influência.
01:33
Enviar um comentário
<< Home