Fora de tempo
Há cerca de um mês instalei o Google Reader no meu iGoogle, o que me tem permitido acompanhar melhor e em menos tempo a postagem numa série de blogs a respeito dos quais tinha curiosidade. Ainda estou a filtrá-los, de acordo com a minha relação qualidade-tempo, e penso que sempre estarei, mas já dá para reflectir sobre alguns aspectos curiosos.
Um deles tem a ver com a agenda de esquerda na blogoesfera, que tenho tentado perceber como se forma - para a tentar de alguma forma influenciar, é claro, não o vou negar. Eu também tenho a minha própria agenda, com tudo o que de esquizo, mas ingenuamente determinado, isso tem:) e não tenho um blog só para me entreter (se calhar devia, mas enfim... tiques voluntaristas:).
Um dos aspectos que me chamaram a atenção é a forma como (talvez) as minorias tendem a dar menos atenção a posições extremadas que aparecem, e até a ter uma visão mais equilibrada delas, no que de positivo e negativo possam ter, do que pessoas que estão mais dentro do sistema e, ponto importante, estão habituadas a fazer agenda e fazem-na efectivamente.
Um exemplo disto foi a posição relativamente branda e tardia de Vale de Almeida face aos disparates de Patrícia Lanza, quando comparada com a luta que lhe deram muitos e, principalmente, com a forma como a selecionaram como alvo e nisso persistiram.
É tido por sabido, no meio académico, que se pegamos em posições muito distintas das nossas é mais fácil insistir num preto e branco e ter a percepção de que há efectivamente uma distinção das águas. Na luta política também é assim. E no agendamento jornalístico também.
É de certeza uma grande ingenuidade minha, e talvez seja isto o que chamam de activismo académico, mas eu prefiro um ataque de segunda linha, aquele que chega aos factos depois duma visão teórica complexa das coisas, visão essa muito pouco jornalística, agendável e até muito pouco blogueira (pelo menos por cá). E que corre o risco de se perder em ideias entretanto - o que não é grave porque é apenas uma forma de estar fora de tempo (ou da agenda, é como quiserem). Mas esse é o risco que mais vale a pena, não é?
[a propósito de posts longos, chatos, e nem sempre bem escritos, como o do Hardt e Negri abaixo, disponíveis só em meia dúzia de blogs tontos]
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