Blog duma gaja... bem... esquisita, estranha, tarada:) Enfim... queer!

7.30.2007

Natalidade e o tabu da miscigenação

De que forma se pode/deve reproduzir uma cultura e uma Nação? É esta a questão sensível por detrás de todas as excitações sobre a quebra de natalidade europeia e portuguesa, uma vez que se tende a biologizar a resposta a essa questão, colocando a natalidade e as crianças no centro de todas as ansiedades e fobias contra a miscigenação.
No mundo global em que vivemos não há problemas de natalidade, pelo contrário. No mundo global em que vivemos a sobrevivência e competitividade enquanto cultura e Nação passam por uma relação inteligente com a diversidade e a miscigenação, e não por uma fuga e fechamento.
Se quisermos limitar a questão, muito artificialmente, ao nascimento de crianças de pais portugueses, basta comparar para se perceber que em períodos de prosperidade económica há mais nascimentos e que em períodos de precariedade laboral e ausência de infra-estruturas de apoio, há menos. E que, graças ao desenvolver das expectativas da qualidade de vida, já ninguém quer viver em sacríficio para ter filhos. A maternidade deixou de ser uma obrigação sacrificial, por mais que isso custe à religião católica, e ainda bem. Hoje, as mulheres exigem condições para optarem ser mães.
Daí que só em culturas onde essas exigências são inferiores e onde as próprias crianças contribuem, infelizmente, para a sobrevivência dos pais, e onde há pouco planeamento familiar, a natalidade continue pujante. Se há uma portugalidade inteligente, ela deve estar cá para as acolher, para o bem e o futuro sustentável de todos.