Natalidade e o tabu da miscigenação
De que forma se pode/deve reproduzir uma cultura e uma Nação? É esta a questão sensível por detrás de todas as excitações sobre a quebra de natalidade europeia e portuguesa, uma vez que se tende a biologizar a resposta a essa questão, colocando a natalidade e as crianças no centro de todas as ansiedades e fobias contra a miscigenação.
No mundo global em que vivemos não há problemas de natalidade, pelo contrário. No mundo global em que vivemos a sobrevivência e competitividade enquanto cultura e Nação passam por uma relação inteligente com a diversidade e a miscigenação, e não por uma fuga e fechamento.
Se quisermos limitar a questão, muito artificialmente, ao nascimento de crianças de pais portugueses, basta comparar para se perceber que em períodos de prosperidade económica há mais nascimentos e que em períodos de precariedade laboral e ausência de infra-estruturas de apoio, há menos. E que, graças ao desenvolver das expectativas da qualidade de vida, já ninguém quer viver em sacríficio para ter filhos. A maternidade deixou de ser uma obrigação sacrificial, por mais que isso custe à religião católica, e ainda bem. Hoje, as mulheres exigem condições para optarem ser mães.
Daí que só em culturas onde essas exigências são inferiores e onde as próprias crianças contribuem, infelizmente, para a sobrevivência dos pais, e onde há pouco planeamento familiar, a natalidade continue pujante. Se há uma portugalidade inteligente, ela deve estar cá para as acolher, para o bem e o futuro sustentável de todos.
3 Comments:
No País existem 388 619 desempregados registados nos CE (dados do mês de Junho), segundo um estudo não oficial do Conselho de Cooperação Económica revelado em finais de 2005, Portugal deveria abolir cerca de 150 mil postos de trabalho na função pública para compor o OE e há cerca de 10 000 crianças abandonadas.
Portanto, para o bem e o futuro sustentável de todos, é importante encontrar solução para os problemas acima referidos. Não vejo a solução à vista e eles também não. Logo, não há uma portugalidade inteligente.
Relativamente à quebra de natalidade [eu sou fufa (nome lindo que me chamavam no 5.º e 6.º ano) desde criança, nunca dei uma queca, nem faço tensões de dar e se não fosse fufa, talvez desse umas quecas, mas nem uma criancinha punha neste país], é uma boa ideia importar crianças estrangeiras para mais tarde poderem ajudar Portugal. Contudo, as crianças estrangeiras a que te referes não são arianas e a portugalidade inteligente é uma miragem.
01:34
Anónimo é blind date
01:38
nem sempre os periodos de prosperidade economica teem mais nascimentos. na europa do pós guerra e da crise petrolifera, as mulheres foram bastante excluidas do mercado de trabalho e isso teve como consequencia indirecta e vergonhosa o aumento de nascimentos...
my two cents :-)
11:26
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