Surpresas
Sempre que crio espaço nas minhas aulas para efectivamente ouvir os meus alunos constato que, na generalidade, não vivo no mesmo mundo que eles. No entanto, hoje, tive duas bonitas surpresas, ambas de alunas com 14/15 anos: uma aluna referiu as suas dúvidas sobre a existência de Deus, uma vez que lhe têm acontecido tantas desgraças e situações de impotência; mas rematou que o facto de ter fé e esperança deve ser um sinal da sua existência... Outra aluna referiu que a cobertura noticiosa do caso Maddie tinha criado uma fobia nas relações entre adultos e crianças e que, por outro lado, havia excessiva promiscuidade entre as posições dos políticos e as da comunicação social. Ambas desenvolveram estas perspectivas duma forma que me pareceu genuína e não copiada. Para o Barreiro não está mesmo nada mal...
5 Comments:
Nada mal mesmo!
05:32
lembro-me do meu stôr de História da Arte, numa das grandes conversas que tinha connosco, os alunos, dizer que quando ia buscar os filhos à escola já nem passava a mão pela cabeça dos amiguinhos deles, quando talvez, anteriormente, poderia fazê-lo numa qualquer situação de carinho justificada.
embro-me de ficar chocado com esta história, e foi quando me apercebi em força que todo este assunto da pedofilia antingiu a maneira em como as pessoas agem, e naquilo que passou a ser normal e anormal.
Foi uma tristeza, e passar a mão pelo cabelo nunca deveria ser condenável, se as pessoas tivessem boas intenções, mas há quem não tenha.
Foi no 12º ano, há 3 ou 4 anos atrás.
21:42
Se acha que do Barreiro não pode vir coisa boa... Demita-se. Não estará a fazer nada. Mas eu sei que esta. Nâo?
23:59
Cascalense: sim, penso também que há preocupação excessiva, mesmo histeria colectiva, quanto à proximidade física entre adultos e crianças, e quanto à representação da nudez infantil, e preocupação a menos com a efectiva condenação dos efectivos abusadores - isto mostra todo o desconforto social com a sexualidade infantil (e Freud foi há taaaanto tempo...), muito mais do que com o crime do pedófilo.
Jorge: Não me percebeu bem. Eu espero coisas boas, já não espero é coisas muito boas (e não digo isto só de garganta, uma vez que já lá estou há mais de dez anos). Mas não é porque o Barreiro seja especialmente mau; é tão bom/mau como qualquer outra cidade suburbana portuguesa (de que também eu sou fruto, frise-se). E nestas cidades, onde a generalidade dos pais e da rede social dos miúdos dá valor nulo à cultura, é de apoiar muito os miúdos que demonstrem vontade de ir mais longe (do ponto sócio-cultural e económico donde provêem, seja ele qual fôr).
20:07
De quando vem vez, no meio dos nossos alunos, surgem pérolas destas. E isso é muito, muito bom. Faz-me ir a sorrir em direcção à sala de professores.
22:21
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