Bissexualidades
No Dicionário da Crítica Feminista (org. Ana Gabriela Macedo e Ana Luísa Amaral, Afrontamento, 2005) há uma interessante entrada em bissexualidade (como oposta à monossexualidade), da autoria de Fernando Cascais.
Depois de fazer uma breve história da visibilidade da bissexualidade Cascais termina referindo que os defensores da especificidade da bissexualidade acusam os teóricos queer de se apoiarem nela como pressuposto implícito mas não a nomearem sequer. Esta invisibilização teórica, num trabalho que Cascais denomina de epistemologia bissexual, é reforçada pela existência social da bissexualidade como parcial e transitiva (penso que se refere com isto ao facto dos bissexuais não serem muitas vezes simultaneamente homo e hetero mas sim sequencialmente) o que faz com que essas experiências sejam facilmente resgatadas pelos discursos identitários dominantes, no caso os heteros e os homossexuais, perdendo especificidade. Contra isto os bissexuais reclamam a especificidade das experiências e saberes bissexuais, nomeadamente na forma como lidam com o cruzamento do género com as experiências sexuais. Veja-se, por exemplo, e ainda.
No entanto, digo eu, a razão pela qual a teoria queer não nomeia a bissexualidade tem a ver com uma noção radical da sequencialidade do desejo, indiferente à clássica dualidade de género (homem/mulher) e às identidades sexuais clássicas, como seja a heterosexualidade, homossexualidade e bissexualidade. Afirmar a excelência da bissexualidade seria ficar presa a ambas tradições.
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