O seu a seu dono/A sua a sua dona!
Apesar de criticar a foto de primeira página do Público penso que é justo mencionar que as reportagens sobre o assunto de sábado e domingo estão exemplares. Curioso também são as excelentes peças sobre o movimento feminista português que acabam por coincidir em datas de publicação com esta notícia. Acompanham-se muito bem mutuamente e a história tem destas ironias - depois de tantos medos e afastamentos aqui estamos todas juntas de novo:)
12 Comments:
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17:38
Grace: eu terei de te chamar inconsciente porque o problema dos homófobos não é serem homófobos para eles, lá nas suas casinhas, sem incomodar ninguém (esses são apenas pessoas com problemas e toda a gente tem direito aos seus). O problema dos homófobos é quando têm acesso a meios de divulgação da sua homofobia, ou seja quando promovem publicamente a menorização cívica dos homossexuais, muitas vezes até incentivando a violência e o ódio.
Quer isto dizer que tu podes querer não ver, ou achar que ninguém deve ver; mas está aí para quem quiser ver, para todos os que queiram pretextos para odiar e menorizar os outros, está aí a promoção da discriminação e da violência contra os homossexuais.
E quando, em muitos lugares de Portugal, há quem leve uma tareia, seja insultado, perca o emprego, seja expulso de casa, por causa destes motivos (mesmo sendo uma lésbica assumida não visível...), é realmente enfiar a cabeça na areia pensar que basta olhar para o lado para tudo isto não existir.
E penso que é justo que sejam estas as principais preocupações do movimento lgbti em Portugal.
Agora, a título individual, e enquanto pessoa desligada desse movimento, se consideras que a tua vida está mais defendida e segura assim, a opção é tua e é legítima. Mas não deixa de ser inconsciente, em relação a ti própria, e muito pouco solidária (em relação aos outros).
18:20
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19:02
Ok, acho que já percebo melhor a tua argumentação. E digo-te o seguinte: não é fácil assumir que se pertence a um grupo dominado numa determinada área da nossa vida, não é fácil assumir que somos vítimas de injustiças, ofensas e todo o tipo de atropelos. Compreendo porque não o queiras fazer. Magoa muito. Principalmente se somos orgulhosos e afirmativos noutras facetas das nossas vidas (e vejo que tu, como eu, és). Mas só somos verdadeiros lutadores quando sobrevivemos activamente a tudo isso, quando tomamos o nosso destino nas nossas mãos, como bem sugeres, mas depois de ter tido a coragem de aceitar o que ele foi até aí, na história dos que foram como nós e na nossa própria história, um destino de subjugação.
Vitimizar-se é ficar parado nessa constatação, concordo contigo. Mas nunca reconhecer em nós o lugar da vítima é não reconhecer em nós o lugar onde vamos buscar as forças, e muitas vezes os meios (que subvertemos), dum destino de orgulhosos sobreviventes.
19:25
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20:15
Grace, agora não estou certa de perceber bem as tuas ideias.
1) Como podes achar que é possível intervir num espaço que tu reconheces ser de desigualdade se não estás disposta a reconhecer as forças em campo, de que as homofóbicas são um exemplo? Esse espaço não é plano e não está igualmente distribuído; tem muitas assimetrias que te condicionam e contra as quais tens de lutar.
2) A luta contra a homofobia é dos objectivos mais importantes do movimento mas não é o único. O policiamento de homofobias, principalmente de homofobias tão públicas, persistentes e ofensivas como a que referes, é uma forma de contribuir para um mundo mais seguro (não basta ser igual; para muitos ele é principalmente inseguro, perigoso).
3) Conforme saberás tenho um processo em Tribunal contra esse senhor, acompanhado pelo Ministério Público, por difamação (promotora de ódio homofóbico)com publicidade, razão pela qual me abstenho de comentar em detalhe esse pseudo-argumento que apresentou hoje. Chamo só a tua atenção para o facto dele publicar artigos desse género há muito, mesmo antes de ser acusado, e desse jornal ter uma tiragem média que talvez ronde aí os 50 mil por dia - ou seja, há actos homófobos e actos homófobos; uns podem-se ignorar, outros não.
4) A luta contra a mera vitimização é política mas é também individual; ou seja, não é por mera auto-satisfação irónica que é necessário subverter a vitimização em sobreviência, é também como forma de ultrapassar o ressentimento, de assumir e confiar no exercício do poder, de ser inteiro. Daí que seja importante usar nessa ultrapassagem meios idênticos aos que foram usados no exercíco de poder ofensivo, ou seja, não só a ironia como todo o tipo de acções, corporais, políticas, mediáticas, etc. Traduzindo: não é uma mera caça de homofóbicos (aí concordo contigo; de nada interessa se está em causa o indivíduo x ou y); é a restituição duma dignidade perdida - em nome próprio e de muitos outros.
21:19
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21:52
Não te preocupes, o assunto para mim não é melindroso. Apenas tenho de ter algum cuidado por estar em julgamento.
Ele foi processado pela Opus Gay e por mim. Mas a Opus não foi aceite como ofendida de forma que fiquei só eu (e o Ministério Público e uma série de testemunhas importantes que consideram igualmente ofensivos e graves os seus textos).
Mas eu sei que não fizeste por mal. Da mesma forma que espero que compreendas que não pretendo atacar-te com nada do que aqui escreva; é apenas uma troca de ideias - e bem interessante, pelo menos para mim:)
É que nestas coisas dos posts e dos emails há sempre mil equívocos possíveis - e é mil vezes mais difícil conversar do que discordar.
Vá, fica bem, que por hoje já chega de computador:)
22:11
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10:07
Ora, nem mais, eu é que agradeço os cinco dedos de conversa:) E vou continuar a tratar-te por tu, sugiro que faças o mesmo:) Depois deste guerreio todo acho que já temos à vontade para isso:))
12:51
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14:39
Gracinda: vou ver o filme, claro! Mas para polémicas sobre ele recomendo o blog do André ( http://moreallofme.blogspot.com/ ); parece que já lá há, ou no Renas, já não me lembro bem, meninos furiosos com a contenção das cenas homossexuais. Não sei se será esa uma boa questão mas aguardo até ver.
09:31
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