Medievais
Medievais, e curiosamente proferidos por homens, os argumentos recorrentes contra o "excesso" de cesarianas nos nossos hospitais, recentemente em agenda mediática:
- que as mulheres se estão a des-responsabilizar (!!!) de terem as crianças
- que o parto é algo transcendente (!!!) e tem que ter dor
Sobre qualidade de vida das mulheres, e da sua - em muitos casos - quase total responsabilidade exclusiva na efectiva educação e acompanhamento das crianças, ninguém fala...
5 Comments:
Oi... O problema das cesarianas não é assim tão pouco simples...
Muitos hospitais e clínicas privadas estão a ganhar bem à custa deste método. Fazem-se cesarianas a 5.000 € caso não saibas...
A questão da desresponsabilização na educação moral, afectiva e social das crianças é outro tópico...
Como professora deves saber que bastantes vezes a família "delega" essas "competências" nas escolas...
23:06
Minha cara,
Que a agenda dos LGBT e da paridade não lhe tolde o raciocício. Não é necessário fazer uma cesariana para não ter dor. Presumo que já tenha tido filhos através dos 2 métodos para fazer uma afirmação dessas. Já tive 2 partos naturais e posso dizer-lhe que com a epidural não se sente dor. Também lhe posso dizer que muitas cesarianas são tudo menos benéficas para o corpo da mulher e que são recorrentes pois há privados que querem aumentar os lucros.
11:53
Caras atiradoras:)
O que estava aqui a tentar salientar é o discurso moralista envolvido na argumentação da questão.
Talvez nos devamos perguntar realmente porque é que as mulheres/casais estão dispostos a largar 5000 euros por uma cesariana nos privados? Não será porque os públicos até nas epidurais poupam? Porque há uma total falta de sensibilidade de muitos médicos, nomeadamente obstetras, à vontade da mulher de, se possível, não ter dor? E porque se confunde poupar alguém a uma simples dor a poupar as mulheres às dores do parto? Porque se invisibilizam as dores/trabalhos do parto? Porque apenas se enaltece o nascimento e não o trabalho de nascer? Porque é mulher e deve sofrer?
Por outro lado, C_mim, reconheces decerto que, nas famílias, mesmo naquelas que pouco tempo têm para os seus filhos (muitas vezes por razões de exploração laboral), continuam a ser as mulheres aquelas de que se espera que tenham mais tempo e preocupação. Ou não? Era a esta responsabilidade que me referia.
15:48
Atiradora nº 1 responde...
Quanto a saúde, onde incluo as cesarianas, a minha opinião é a seguinte:
Temos assistidonos últimos anos a um desinvestimento não só na qualidade como na percepção da mesma, nos serviços de saúde públicos...
Em paralelo tempos assistido ao crescimento do sector privado. O médico são aliciados para praticarem no privado. E por vezes acumular cargos em ambos. Oiço falar de casos de obstretras que assistem a mulher durante a gravidez no público e depois aconselham a ir fazer o parto (cesariana) no privado (?!...) alegando que o público não tem condições...
E esta degradação da percepção da qualidade não se passa só na saúde passa-se também na educação...
-"-
É certo que na sociedade ocidental a mulher ainda tem tem um peso muito grande no que concerne a educação dos filhos. Mas isso acontece porque a nossa cultura ocidental acha que essa função é da mulher e não do homem. Quando na verdade é dos dois.
bjs ;)
16:09
Pois eu não consegui parir naturalmente nem por indução e após 14 horas de sofrimento em vão, no Hospital Particular de Lisboa (k se faz pagar e bem), insisti para que chamassem a obstreta (k estava ali ao lado, a fazer o seu turno na Maternidade Alfredo da Costa - daí a sua sugestão de k eu fosse aterrar no HPLx...) para fazer a cesariana. Garanto-vos que as dores antes e depois, durante mais 2 dias, não foram poucas. Portanto talvez não seja má ideia privilegiar o bem estar físico e psicológico da partiriente e do feto/nascituro, deixando ser ela a tomar a decisão do método que prefere, depois de esclarecida com rigor cientifico, ético e económico, sobre as várias possibilidades de dar à luz o seu filho. Tive pena de não ter visto a minha filha entrar no mundo exterior, tive pena de não deixarem o seu pai estar presente no bloco operatório como pedimos, lamento ter penado e ela também durante todas aquelas horas de uma agonia excruciante e nada mística. Suspeito que a principal razão da demora teve a ver com a conveniência de horários do duplo emprego da médica...
Por tudo isto acho que é uma obrigação do sistema público de saúde (e um direito que os meus impostos pagam!), de acordo com a futura mãe (e o pai tem, no momento do parto, um papel subalterno inevitável, por mais empenhado que esteja em partilhá-lo e ajudar a parturiente), gerir de uma forma humanizada e não preconceituosa a situção e não permitir k "o negócio" escamoteie o sofrido infligido e o direito da mulher a decidir sobre o seu próprio corpo. Se ela teve o encargo de cuidar do feto durante aqueles 9 meses, agora também deve ter o poder de decidir, esclarecida k foi e em boa consciência, o k quer.
Não admito nem então nem nunca atestados de menoridade humana vindos seja de técnicos de saúde, membros das igrejas ou parceiros da concepção.
Discutir quem cuida e quem educa, depois, é outra questão.
17:11
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