Blog duma gaja... bem... esquisita, estranha, tarada:) Enfim... queer!

9.30.2005

To Bausch or not to Bausch

Que bom, hoje vou ver a Pina Bausch! Que bom hoje vou fazer parte das poucas centenas de pessoas que vão poder gozar de um enormíssimo investimento da EGEAC (empresa pública da CML) em meia dúzia de espectáculos de gabarito internacional, enquanto muitos dos teatros e cinemas locais a seu cargo estão em obras eternas, sem programação e sem apoios. Que bom!...

Juntando isto ao facto do Padrão dos Descobrimentos (também responsabilidade da EGEAC) estar a inclinar-se para o rio, e ninguém querer saber (além da EGEAC ter deteriorado ainda mais a estrutura ao ter encomendado um elevador novo maior do que o espaço previamente existente - tendo decidido raspar (!) a caixa do elevador), juntando tudo isto dizia, sobram então as dezenas de milhares de contos que chegam para trazer cá a Pina. Interrogo-me sobre se a própria Pina sabe disto...

PSP com disco duro já em 2006?

Eu bem que disse que eles simplesmente não sabem quanto tempo mais poderão segurar esta janela de jogos sem portabilidade de outros conteúdos. Uma aposta que a próxima PSP será um leitor de multimédia portátil, assim como o próximo iPod?

9.29.2005

Vinhos

Para quem, como eu, gosta de acompanhar as sugestões de vinhos portugueses dos principais certames internacionais, fica aqui este artigo do JN.
É claro que é tudo muito relativo, e quem viu o fantástico documentário Mondovino, sabe bem que há que desconfiar do gosto vitivinícola americano...

Vergonhas nacionais

Todos os anos costumo estudar com os meus alunos de Animação Sócio-Cultural a secção social do Eurostat Yearbook (costuma ser uma forma eficaz de os alertar para o conhecimento real do país). Todos os anos há dados que, por escandalosamente maus, me surpreendem. Este ano, depois das mortes por acidentes de trabalho e do abandono escolar, descobri que também somos os maiores na UE 25 quanto ao fosso entre ricos e pobres: enquanto que a distância média entre os rendimentos dos 20% mais ricos e dos 20% mais pobres é de cerca de 4,4 vezes mais na UE 15, em Portugal é de 6,5 vezes mais, sendo que só a Estónia ultrapassa os 6, e a Espanha e a Grécia os 5. Serão os tais ordenados dos gestores e administradores de topo que são famosos por serem superiores à média da UE num país que tem dos ordenados mínimos mais baixos?

9.28.2005

Alerta e petição importante

A Rede de Cidadãs da Europa está a dinamizar a subscrição duma importante petição contra a diminuição de fundos nos programas comunitários a favor da luta contra a discriminação de género, assim como contra o facto de passar a existir um só programa comunitário de apoio a uma série de àreas sociais, nomeadamente a luta contra a discriminação em geral, da qual beneficiam habitualmente os lgbtis. Rico quadro financeiro este 2007-2013! Continuará Barroso a defender que não está a acontecer um ataque à Europa social?

Isto sim, pode ser democratizar

Enquanto que os fabricantes de telemóveis estão preocupados com a produção de telemóveis a menos de 30 dólares para aumentarem a penetração nos mercados, e só, Nicolas Negroponte está a trabalhar, e pelos vistos bem, no sentido de produzir um portátil de custo inferior a 100 dólares, para ser distribuído pelo governo da China, Brasil, etc às suas crianças. E no caminho promove ainda o uso de software aberto. Um projecto que é caracterizado como um projecto nobelizável pelo autor deste artigo e indeed it is!

E, delicioso mesmo, é quando ele se refere aos nossos actuais computadores como obesos:)))

Mais informações ainda aqui.

O mundo dos acessórios iPod

Se há produto que tem explorado ao máximo a sua janela de mercado nos acessórios, tem sido o iPod. Este é um misturador iPod que, no entanto, parece funcionar mais como um sequenciador do que outra coisa. Muito estiloso, para os iDjs, mas aparentemente pouco útil.

Trabalhar em/na rede

Este é um artigo curioso sobre as formas de trabalhar usando tecnologias de informação no futuro. O artigo defende que, a médio prazo, as pessoas deixarão de trabalhar com aplicações que funcionem simplesmente no seu computador, ou numa rede interna, mas que trabalharão cada vez mais em aplicações sediadas na Net.
Ora, se bem que concordo que a produtividade aumenta tremendamente quando se pode trabalhar em grupo on line, em tempo real portanto, penso no entanto que nunca deixaremos de querer garantir que grande parte do processo de acesso aquilo que produzimos, ou mesmo a totalidade desse processo de acesso, ou seja a totalidade da aplicação, está à nossa disposição no nosso computador e não depende de um determinado serviço da web estar a funcionar ou não – isto já sem falar em querermos armazenar nós mesmos os resultados do nosso trabalho.
Traduzindo, penso que só vamos privilegiar aplicações sediadas na web se estas proporcionarem funcionalidades que as aplicações sediadas no nosso computador ou rede interna não possibilitarem (e depende de quais: eu, por exemplo, não troco as minhas contas de email de capacidade reduzida no Outlook por contas Gmail), principalmente se forem de tal forma potentes que não conseguiríamos que elas funcionassem no nosso computador, mesmo que estivesse ao nosso alcance tê-las; ou seja, têm de ser aplicações profundamente ligadas, no próprio processo de produção de trabalho, à imensa informação disponível on line, mas duma forma sensível e interessante – daí que seja fundamental, numa perspectiva de negócios, saliento, fazer cada vez mais dos motores de busca ferramentas de trabalho e das ferramentas de trabalho motores de busca. E disse!

Hesitações turcas

A juntar às hesitações dos membros da UE surgem agora as verdadeiras hesitações dos turcos a criar reais impasses no processo de adesão: Chipre, Chipre, Chipre.

Tão cru que até dói!

Já tive oportunidade de recomendar a leitura de Elfriede Jelinek quando li "A pianista." Terminei agora "Las amantes" (não sei se está traduzido em português) e a recomendação mantém-se: a escalpelização das relações familiares de poder, neste caso entre sexos (no caso da pianista mãe/filha) é arrepiante.

Portabilidade rules


Uma série de fabricantes de relógios japoneses juntaram-se para conceber relógios que recebam SMS e email via Bluethooth.

Ainda até 30 de Outubro

poderão disfrutar da melhor sala/espalanada/varanda de Lisboa no Palácio Stª Catarina (logo ali à esquerda do miradouro), intervencionado pela Experimenta. À semana até às 8 (9 com jeitinho) e aos fins-de-semana até mais tarde - parece que estão a tentar fechar sempre mais tarde porque o espaço realmente pede!

9.27.2005

O estrogéneo contra-ataca:))

Segundo alguns é o estrogéneo existente na água com resíduos de urina de mulheres que tomam a pílula que está a fazer com que aumente o nº de homens com mamas, assim como aumentem também as características femininas dos peixes (!). Também o (ab)uso de estrogéneos pela indústria animal causaria o mesmo.
Obviamente que, neste mundo de rígidos padrões duais, os homens com as ditas mamas não lhes acham muita graça; isto apesar de, para mim, se puder vir a tornar um atributo bastante... gracioso:) [Agora, a equação mamas mais pelos no peito... não sei... teria de ver para avaliar:))))]

Estilos

O geek style está cada vez mais fashion, senão vejam estes óculos BMW com mp3:)...

9.26.2005

Finalmente um passo

O FMI e agora o Banco Mundial concordaram num plano de redução da dívida dos países pobres, redução essa que pode variar entre 40 e 52 biliões de dólares.

9.25.2005

Ufff!

É um sinal da maturidade da nossa democracia que Alegre tenha reunido condições para se candidatar.
E é um sinal da frieza estratégica que os poetas também têm que ter, quando são políticos, a gestão que fez deste tempo de espera, que alguns pensavam que era só "agarrem-me senão eu vou-me a ele". Agora é capitalizar a seriedade que esta encenação lhe granjeou.

Games, games, games

Esta é a GameBoy.Micro. Não sei se pretende ser uma resposta à PlayStation portátil mas duvido que tenha as mesmas capacidades. É um campeonato à parte, o das consolas portáteis, ou assim o querem fazer crer.
Penso que é um daqueles casos clássicos em que os fabricantes estão fartinhos de saber que vão existir micro-computadores portáteis com telefone, que serão também consolas, claro, e serão leitortes portáteis, etc, etc. E se calhar até já sabem exactamente como vai ser a sua ergonomia e jogabilidade. Mas estão a esgotar todas as janelas do mercado até lá, fazendo os produtos durarem o que o mercado permite (dois anos?), enquanto preparam a best next great/small thing!

Limites, completudes e fechamentos

Bem, já que ninguém comenta o meu post relativo à beleza e à frivolidade (supostamente deste blog também), comento eu:)
Digamos então o seguinte:
1) desconfio sempre terrivelmente quando me vêem dizer que uma dada realidade ou conceito é "O limite da crítica"; por um lado porque não vejo porque seria aquela realidade, a beleza, o tal limite e não outra, que goze de igual tradição de se ver sistematicamente incluída no discurso dos limites da razão, como por exemplo o amor, o desejo, etc
2) para mim, dizer uma coisa dessas, significa simplesmente que há determinadas coisas que não são interessantes de associar, por exemplo uma palavra a uma obra por alguém considerada bela
3) o que não significa que não existam outras coisas interessantes de associar (constituindo assim uma série sobre a qual se pode e deve reflectir), como por exemplo uma obra de arte a outra obra de arte (não tendo que ter ambas o mesmo tipo de suporte e de (i)materialidade)
4) significa isto que também desconfio quando me vêem dizer que algo é completo, pois que, para mim, isso equivale a ser fechado (o que considero profundamente desinteressante)
5) o glamour e a frivolidade (assim como a não-bondade) estariam aqui na paixão pelas belas séries (sem referenciais universais que as fixem) e seus novos territórios

Concluindo, o que se poderia dizer a Jeremy Gilbert-Rolfe é que o que é necessário é outra forma de reflectir ou fazer crítica das artes, forma essa que promoveria o que tanto o preocupa (legitimamente), ou seja, que a arte volte a ser olhada e não só lida.

In line for democratization...

Quando toda a gente tiver no bolso um leitor de mp3, quais serão os próximos brinquedos? Consoante a diferença de preços entre eles hesito entre leitores multimédia portáteis (vejam por ex. este PalmOne LifeDrive) e palmtops com telefone, como este Palm Treo 700w (que calculo será também leitor multimedia portátil).

É claro que num mundo onde muitos ainda não têm rádio, nem Tv, nem muito menos telefone, falar na democratização destes aparelhos é muuuuuito relativo....

9.24.2005

Tremem as telecoms

Vai ser uma grande alegria ver cair o império das telecoms tradicionais, nomeadamente a nossa, por intermédio do avanço das ferramentas de comunicação on line. Estas, mais do que Voice over IP (voz sobre Protocolo de Internet, ou voz ao vivo na Internet) são cada vez mais videotelefone ao vivo na Internet. Vejam o medo do patrão da telecom francesa, ainda na ressaca da compra do Skype pela Ebay...

O engodo

Ora aqui está o filme machista heterosexista do momento - além de ser um filme narrativamente mal feito.
She Hate Me de Spike Lee arranjou claramente um isco pseudo-lésbico para vender aquilo que poderia ser um interessante filme sobre especulação e informação privilegiada no mercado de acções de empresas farmacêuticas.
O filme é machista e pseudo-lésbico no sentido em que todas (!) as lésbicas que pretendem engravidar o fazem mantendo relações sexuais com o protagonista (a única que começa por não o fazer não engravida e acaba por o fazer - e só aí engravida; ah! ganda macho!) e além disso todas (!) têm prazer no acto (porque não haviam de ter? tudo é "tão natural", né?). Fiquei a pensar que, com tanta obssessão pelo protagonista (que aliás aparece em fotos traseiras na promoção do filme), porque não o fode o própro Spike Lee, em vez de o delegar em fantasias pseudo-lésbicas.

Para culminar a fantasia lésbica, o casal lésbico protagonista acaba num casal a três, com o macho man, claro! (Não que não hajam formas interessantes de construir narrativamente uma relação a três, em que ambos os sexos entrem; mas esta não convence) E todas (!) as mães, que tinham inicialmente desejado e contratado o afastamento dos deveres parentais do macho acabam por borboletar à volta dele com os seus rebentos! Grrrrrr!

Por fim, do ponto de vista narrativo, toda esta narrativa é forçada na narrativa da fraude bolsista, acabando por permitir ainda por cima ligações inconscientes irritantes entre a bolsa especulativa das acções farmacêticas (que nada valem) e a barriga (igualmente especulativa e que nada vale?) das mães lésbicas. Um desastre!

Aiiiiiiiiiiii, que bichice!

O meu mouzo, que é ainda mais doido do que eu, ofereceu-me bilhetes para a maior retro-bichice do momento: os Village People (!!!!!) e Boney M. no Atlântico, a 18 de Novembro. Agora só resta saber se vou de polícia, de índio, de motoqueiro, de cowboy:))

9.21.2005

Come on, glam!


Glam rock (less commonly glitter rock), a style of rock music popularized in the 1970s, was mostly a British phenomenon and confined to larger cities in the U.S., such as New York and Los Angeles. It was distinguished by the costumes and stage acts of the performers rather than any particular aspect of their music. The emphasis was on superficiality and an unabashed embracing of decadence, fame, and sexuality, a statement of sorts against such acts as Pink Floyd, King Crimson, Yes and Genesis, whose music was often referred to by critics as art rock.
Glam performers often dressed androgynously in make up and glittery, outrageous costumes, not dissimilar to costumes that Liberace or Elvis Presley wore when performing in cabaret. The most famous example is David Bowie during his Ziggy Stardust phase. Sexual ambiguity became a game; Bowie told the press he was bisexual simply for the publicity while the late Jobriath is thought really to have been rock's first openly gay star. But probably one of the most famous examples of a homosexual glam rocker is Freddie Mercury of Queen.
Although credit for starting the trend in Britain is often given to David Bowie, it was probably Roxy Music, headed by Bryan Ferry and Brian Eno, that led the wave. However, Roxy Music avoided the excesses of many of their imitators. Ferry wanted to give his young audience an excuse to dress up for concerts, or as he said "It would be like a night at the opera for them."
Some also credit Marc Bolan of T. Rex as the progenitor of glam rock. However, in 1968-69, Alice Cooper sketched the first hints of glam rock when they used a transvestite look and an overtly sexual attitude as part of their outrageousness. (Wikipedia)

Ainda a reforma da ONU


(...)
Annan and other U.N. reformers including U.N. Ambassador John Bolton are asking the wrong question. They are asking how to make the United Nations a better action body. The United Nations is not and will never be effective at taking action. Its highest and best use is to gather the nations of the world -- regardless of their systems, values or beliefs -- under one roof for interaction and communication. In that sense, if there were no United Nations, then we'd have to invent one. But the very diversity that makes it effective as a world forum renders it ineffective as an action body. In a world where disasters and violence come fast and furious, the U.N. debaters will always be too little, too late.
When action is needed, the world has learned to work around, not through, the United Nations. Proponents of the new International Criminal Court, for example, acknowledged that they organized that body with an independent prosecutor and other unusual provisions in order to avoid the politics and powers of the U.N. Security Council. Advocates of a ban on land mines or changes in climate control called their own conferences and adopted their own treaties, circumventing U.N. agencies and processes. The United Nations and its coalition went into Iraq when the U.N. Security Council would not adopt a further resolution. Even in humanitarian disasters, hundreds of nongovernmental organizations can deliver more aid faster than the United Nations.
Sixty years after its founding, let's give the United Nations high marks as an international forum. But the action bodies of the 21st century are coalitions of the willing, nations with common values who will join together to create courts, enact treaties, stop genocide and provide relief. All the high-minded reforms on the table will not -- and should not -- transform the United Nations from a debating society to a fast-action team.
David Davenport

Frivolidade ou meta-blogging:)

Se uma grande parte da arte contemporânea e do respectivo discurso crítico são manifestamente aversos à beleza, também é verdade que a beleza - porque não versa sobre ideias - foi praticamente sempre aquilo que as pessoas sérias [:)] querem ultrapassar tão depressa quanto possível quando discutem obras de arte. (...)

Na velha história da arte, aquela em que tínhamos obras de arte (...) o belo era aquilo em que o superior se tornava quando entrava em declínio. (...)

Basta por agora dizer que, tendo de-esteticizado a arte e tendo-a substituído por uma espécie de antropologia cultural (...) o mundo da arte contemporânea representa no mínimo uma versão intensificada da situação tradicional. Mas a minha desavença com ele é que ele também não passa disso. Hoje, mais do que nunca, a beleza é sempre o "meramente" belo, ao passo que o sublime nunca é "meramente" sublime (...)

Na minha opinião, isto constitui um sinal da grande força da beleza. Os constantes esforços para a diminuir demonstram que ela coloca um limite à crítica. Julgo, por isso, que é melhor pensar a beleza enquanto frivolidade. (...) Teorizar a beleza como frívola é, então, descrevê-la como aquilo por que não podemos passar a correr, a menos que esqueçamos que ela é o único elemento no nosso pensamento que se furta ao regime da definição ao qual se submetem alegremente todos os outros conceitos que conhecemos e usamos. (...)
A beleza teria, aliás, de ser frívola para poder ser secular. Não vejo como poderia ela ser frívola antes de ser resgatada das garras da religião (...) e por essa razão proponho que pensemos a beleza não só como frivolidade mas como glamorosidade e não como bondade. (...)

As obras de arte para as quais é agradável olhar estão, contudo, sobrecarregadas com a obrigação de serem socialmente responsáveis. Por muito bonitas que sejam, serão consideradas como meros elementos por um discurso em última análiose moral acerca do estado geral das coisas. (...)

Ao invés do transitivo, ela [a beleza] não exige qualquer objecto que a active. A sua completude é função de uma ausência de carência, e aqui reside a chave da sua frívola independência em relação ao discurso. (...)

(...) a frívola indiferença da beleza perante a razão propõe um modelo melhor para a subversão - cultual, histórica, epistemológica, epistémica - do que as inversões das imagens de poder que, como sublinhou Derrida, conservam no cerne do pensamento o que tentam abolir. Aí reside a relevância da irrelevância da beleza e o poder da sua impotência. (...)

"Beleza", Jeremy Gilbert-Rolfe

9.20.2005

Musts:)


O evento lésbico mais chic do momento: a ópera As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (lembram-se quando este era o melhor filme lésbico do mundo? Gosh... eram tempos depressivos:) em Londres, com a primeira personagem lésbica de sempre!
De 16 de Setembro a 7 de Outubro, só para apreciadores.

9.19.2005

Ser gente

Arrancou mais um ano lectivo.
Nos anos recentes, muito por influência do meu Mouzo, e por pura necessidade de saúde mental, tenho vindo a investir mais emocionalmente na minha relação com os alunos, e até com os colegas. Se quero um ambiente de trabalho mais humano tenho de fazer por isso, né?

Assim, cheguei à conclusão que só se for verdadeira com as minhas emoções, expectativas e receios face aos meus alunos no começo do ano consigo desde logo encetar com eles algo precioso: uma relação. De confiança. Entre pessoas.

Asssim, e quem me conhece sabe que isto não é fácil para mim (eu sou mais do tipo caladona e afectivamente pouco expressiva com a generalidade das pessoas), faço um grande esforço, mas muito gratificante, no sentido de me expor um pouco, explicar-lhes isto mesmo que vos estou aqui a dizer, características pessoais incluídas, nomeadamente o facto da minha homossexualidade me fazer ainda mais reservada com quem não conheço por recear a reacção das pessoas, frisando que tentarei combater estes traços pessoais no sentido de estar disponível para eles - eles que, apesar de serem grandinhos, precisam sempre de muito mais ajuda e apoio do que inicialmente poderíamos supor.

Este é o primeiro passo para tentar também ouvir os anseios e receios deles. Para me dispor a conhecê-los, para me pre-ocupar com eles. No fundo, para cuidar deles no que estiver ao meu alcance.

E é muito giro a espécie de respeito amistoso que se instala - o ideal para todos crescermos... como gente.

9.18.2005

Homossexualidade, fracturante para quantos?

Eduardo Cintra Torres defendeu em coluna publicada a 18 de Setembro, intitulada “Os belos e o monstro,” que a sociedade portuguesa teria alcançado uma fase de “naturalização” da homossexualidade (as aspas são do próprio Cintra Torres). Esta naturalização consistiria aparentemente (pois que não o explica) em que a “identidade gay” se teria tornado socialmente correcta, ou seja, com muito poucas vozes públicas manifestando-se contra o seu direito a existir em paz (Cintra Torres confunde aqui socialmente correcta com politicamente correcta). Para isso teria contribuído a crescente visibilidade mediática, em diversos tipos de media, de personagens homossexuais.
A par deste politicamente correcto nasceu também, conforme bem analisa, um novo silêncio dos conservadores, que não encontram voz política adequada para dar enquadramento aos seus temores moralizantes. A única voz pública anti-homossexual que se ouve é a de fascistas e fascizantes, como bem realça, não se apercebendo no entanto que estas forças de extrema-direita conquistam voz precisamente neste momento porque têm o apoio dissimulado, em termos de organização partidária e de media, dos tais conservadores que neste momento não sabem como atacar de forma politicamente correcta os homossexuais – porque um ataque politicamente legítimo, no quadro político e científico da contemporaneidade, não é de facto mais possível. Têm então, estes conservadores, que se contentar com a voz dos politicamente incorrectos, anti-democráticos, xenófobos e fascistas. Em conclusão portanto deste primeiro ponto, há um silêncio dos conservadores que é um falso silêncio.
Por outro lado, insinua Cintra Torres que esta nova visibilidade mediática da homossexualidade pode levar a um fenómeno de backlash: ou seja, de tão politicamente silenciadas as pessoas que não concordam com a homossexualidade um dia poderão tornar-se violentas e agir de forma intolerante. Chega mesmo a dar o exemplo, muito desadequado como veremos, do assassínio de Theo van Gogh na Holanda.
Ora, conforme já se viu os conservadores não estão tão silenciados assim. Em segundo lugar, é bem diferente um país onde existe visibilidade mediática da homossexualidade, como começa a existir em Portugal, de um país, como a Holanda, onde existe visibilidade social, quotidiana, da homossexualidade, onde existe o direito a casar e a adoptar crianças há anos, onde, aí sim, em muitas cidades se vive uma total naturalização da homossexualidade, esta sim sem aspas. É que a visibilidade mediática que existe em Portugal é fortemente importada de modelos anglo-saxónicos ligados ao coming-out urbano, ou seja, ao gay, branco e urbano que se assume como gay, modelos esses que nada têm a ver com a geografia homossexual do nosso país, onde noventa por cento dos gays vivem em cidades que pouco têm ainda de dinamismo urbano. Esta visibilidade mediática vai portanto, em Portugal, bastante à frente da visibilidade quotidiana, e isto devido a interesses fortemente comerciais dos media. Daí que, em terceiro lugar, não seja possível afirmar, como faz Cintra Torres, que tenha existido uma radical mudança de atitude na sociedade portuguesa face à homossexualidade. Esta continua tão silenciada e intolerável quanto antes (basta ver como correu o barómetro de homofobia face a manifestações de afecto de um casal gay no centro de Lisboa), à excepção dos direitos políticos. Todos os direitos sociais estão portanto por conquistar. Isto para salientar que a igualdade de direitos políticos não faz confusão à maioria dos cidadãos portugueses, não é uma questão fracturante. A igualdade social sim, mas apenas porque o Estado se tem demitido da sua função pedagógica de promover activamente a diversidade efectiva na sociedade portuguesa, ou seja, não é uma questão fracturante específica dos gays mas sim de todos os que forem diferentes da maioria; e é uma questão que, pelos seus custos sociais, pela violência que gera, deveria preocupar todos. A violência não nasce de se verem gays a mais; nasce de se ver, reconhecer e promover diversidade a menos. Daí que, para finalizar e em quarto lugar, seja apenas alarmismo social e político colocar a eventual hipótese dum backlash, duma reacção exagerada e violenta, por parte daqueles que não concordem com esta visibilidade mediática e estes direitos políticos. Afinal, o sistema está a encontrar as suas válvulas de escape para estes silenciados, poucas e de pouca monta porque afinal não são assim tantos os que se sentem afectados e as questões não são tão fracturantes quanto alguns querem vender. Por outro lado, esta visibilidade e estes direitos políticos, como é bom de ver, são demasiado recentes e incipientes em Portugal para suscitarem tais receios fracturantes. Eles estão apenas no princípio e sugerir que são já demasiado visíveis e fortes é apenas pactuar com (velhos) silêncios e velhas homofobias.

[artigo de opinião proposto ao Público]

9.17.2005

Dildos virtuais:)

A Nintendo acaba de lançar a sua nova consola - que não é meramente uma nova consola; é uma forma mais imersiva e corporal de jogar. Traduzo: o que controla as acções no jogo é um stick que move as coisas que representa no ecrã da mesma forma que for movido pelo jogador. Já tou a imaginar porngames e dildos virtuais em funcionamento frenético:))) É muito à frente!:)))))

Top of the tops



Incontestável, incontestável, é toda a colecção Yamamoto!

Que ainda por cima fez parceria com a Adidas para a Y-3 (que máximo!)!

Etiquetas butch

Por ser tão difícil encontrar peças de estilista que me agradem tento isolar algumas etiquetas que me digam alguma coisa. Este mês foi a Undercover, de que podem ver o show aqui.

Moda (soft:) butch Outono/Inverno 2005

Graças ao meu mouzo entra cá em casa uma revista jeitosa de moda, a Vogue. Gosto particularmente dos artigos sobre os clássicos, ou seja, sobre a história de peças específicas que todos conhecemos.
Uma irritação frequente com esse tipo de revistas é que raramente encontro algo que me agrade. Mas por que raio não há uma ou duas páginas butch?
Bem, este ano tenho alguma sorte: o look militar está na moda, assim como o eclesiástico feminino (vejam Yves Saint Laurent), e deu para encontrar algumas coisinhas curiosas (mas difíceis de isolar em imagens pois as colecções aparecem quase todas em Flash na net).
Vou dar alguns exemplos do que me ficou no ollho:):
- os botins em crocodilo e elástico Emporio Armani
- os casacos militares em lã da HM e o da Balenciaga (que vêem na imagem)
- os chapéus de algodão, nomeadamente os Diesel
- os calções Krizia
- blazer em veludo John Galiano
- algumas carteiras/malas Prada (eis uma das mais baratinhas aqui ao lado)

Ainda andei à procura de algo sobre moda lesbian butch na net mas realmente é um campo por criar. O mais giro que encontrei foi este artigo sobre como vestir a Shane (a do L Word) - apesar da maior parte das pessoas se preocuparem mais em despi-la:))

9.16.2005

Mas o que é isto?!

Estou em estado de choque com o debate de ontem entre Carmona e Carrilho.
Dou já de mão beijada que Carrilho não é propriamente a pessoa mais humilde do mundo (aliás a sua arrogância vai-lhe custar a Câmara) mas não me parece um mentiroso profissional, como Carmona parece ser.
Nunca eu vi em Portugal um político que mentisse com todos os dentes perante factos e documentos que na hora o contradizem e se mantivesse impávido e sereno, esgrimindo truques de retórica, como por exemplo a tentativa de ridicularizar ou diminuir pessoalmente o outro candidato ou ainda mudar de assunto. Se um político hoje acredita que convence os portugueses sendo assim então estamos mesmo bem mal... Aliás, penso que é por ter sido tão sistematicamente desmascarado que se sentia tão desconfortável. E tanto temia o debate.

Como disse, Carrilho também não é flor que se cheire, e a forma displicente como tratou Sá Fernandes e o tentou diminuir pessoalmente foi também confrangedora. Mas a arrogância ainda não é tão grave politicamente quanto a mentira, me parece.

Todos os outros três candidatos têm tido atitudes pessoalmente mais democráticas e dialogantes.

Sá Fernandes tem pecado realmente por alguma emocionalidade na análise das questões (mas que pode render votos) como bem sublinhou Nogueira Pinto (cuja análise sistemática da economia social da cidade é necessária mas não só com as IPSSs de inspiração católica - porque não fala das ONGs? - e, não só com organizações que têm um estatuto - o de IPSS - dado pela Santa Casa...). Mas a emoção é também o sonho e devo confessar que me emocionei a ler o programa (!!!:) de Sá Fernandes, nomeadamente a abordagem ambiental.

Ruben de Carvalho perde votos por esconder o homem, o político e autarca inteligente e bem formado, atrás do seu colectivo PCP. São excelentes ideias, as comunistas, que podiam conquistar mais votos.

Investigando Marc Quinn

Aqui está um trabalho do mesmo escultor, aparentemente representando o mesmo corpo, não grávido. A gravidez parece acrescentar um orgulho ao trabalho exposto em Trafalgar Square. Toda a peça da mulher grávida é representada com uma atitude mais orgulhosa. Porquê?
Neste site podem encontrar mais fotos dos trabalhos de Marc Quinn, nomeadamente vários corpos com (d)eficiência, que têm sido lidos como heroicizados. (Espreitem o texto de apresentação do autor que vale bem a pena)

9.15.2005

Por falar em visibilidade(s)

Esta é uma estátua de Marc Quinn representando a artista Alison Lapper e chamada Alison Lapper Pregnant. Vai estar 18 meses em Trafalgar Square.
A visibilidade corporal das pessoas com deficiência é uma das questões em jogo. Outra questão é a da visibilidade da gravidez. Ora, parece-me comprometedor que um tão nobre trabalho que representa artisticamente uma pessoa com deficiência opte por representar uma grávida. Porque, apesar de ambas as visibilidades não serem totalmente públicas, o facto é que a gravidez é das visibilidades corporais não públicas a mais positivamente valorizada, ou seja, parece que, para compensar a representação artística da deficiência, se opta por positivá-la com a gravidez, como se a deficiência por si só não pudesse ser bela.
É claro que podem dizer que a intenção do artista era mais política, colocar a tónica na real possibilidade de gravidez e reprodução (e sensualidade, e erotismo, e sexualidade) das pessoas com deficiência. Mas penso que ficava mais bonito se fosse simplesmente uma pessoa sensual com uma deficiência física.
Mais detalhes sobre o evento aqui.

9.14.2005

Alegrias:)))))


Nenhum re-início blogueiro ficaria completo sem aquela que é a coisa mais fofa da tia: a Maria!
Que está quase a fazer dois anitos e que anda a sofrer muito porque começou a semana passada a ir para a escolinha:) Tadinha:)
Muitos beijos para ti e para os papás Maria!

Alô girrrls! Nova série lésbica on line:)


Quem quiser pode já comprar em dvd. Para os mais remediados, como eu própria, podem sacar do emule (nomeadamente de mim, que já tenho alguns episódios) a nova mini-série lésbica Sugar Rush.
As meninas são teenagers (não, não são gajas tipo L Word:) e a história passa-se na bonita, e bem filmada, Brighton.
Definitivamente divertido e bem feito.

Já me esquecia: a banda sonora também vale a pena descarregar.

Ferramentas úteis

Já sabemos que o Google manda cada vez mais. Uma das ferramentas por eles disponibilizada e que me parece super-útil é o Google Desktop Bar. Ora experimentem lá e vejam se não se torna interessante...

Rir é o melhor remédio:)

Bem, lá vai a primeira recomendação, ainda muito em jeito de Verão (que teima aliás em não terminar):
- devorem tudo de Lola Van Guardia, pseudónimo da senhora que vêem aqui ao lado, Isabel Franc.

Terão de devorar em espanhol mas garanto que é de fácil digestão:)

Primeiro o que vem primeiro

De volta às lides bloguísticas, e tentando seleccionar aquilo que me parece ser o tema inquietante do momento, não posso fugir a lamentar o caminho que está a tomar a reforma da ONU.
Se virem este artigo ficarão igualmente escandalizados, como eu, com a ideia de que este falhanço é resultado de um backlash contra os avanços realizados no combate à pobreza recentemente. Como se tivessem existido reais avanços!
Dramático é também o facto de não se ter conseguido mudar a eleição dos membros da ex-Comissão de Direitos Humanos, de forma a tirar de lá países infractores.

P.S. - Ah, já me esquecia :) : é bom estar de volta!
E também: eu sei que a imagem não é das mais entusiasmantes mas é só para mostrar a minha boa vontade para com as imagens neste blog:)