Blog duma gaja... bem... esquisita, estranha, tarada:) Enfim... queer!

7.31.2006

A vagina como pénis interior

A História da Vagina faz a ponte entre o conceito aristotélico de distinção entre homens e mulheres (os primeiros teriam mais calor do que as segundas), o que, segundo Galeno, lhes proporcionaria o desenvolvimento perfeito dos genitais, que teriam tido calor suficiente para se projectarem para o exterior (fazendo das mulheres uma imperfeição da natureza), e a transição F-M. Ainda no Renascimento se acreditava que mulheres que se tinham tornado homens (provavelmente casos mal avaliados de inter e transexualidade) o tinham conseguido à custa de se dedicarem a actividades muito violentas e rápidas, que provocavam calor o suficiente para que os seus genitais fossem expelidos (estão a ver aqui a fundamentação biologicista para a ocupação do espaço quietinha das meninas?). A autora salienta também como os anatomistas do Renascimento, mesmo já dissecando cadáveres femininos, mantinham estes conceitos. É uma das formas de invisibilização da especificidade genital do feminino que ela refere. Outras há, mais graves, permanentes/recorrentes e curiosas.
Por outro lado, do ponto de vista do desenvolvimento embrionário, não deixa de ser interessante verificar que, de facto, pénis e vagina derivam da mesma estrutura, só que a vagina se abre e desenrola, e o pénis não (afinal, quem tem "calor" suficiente para se estender é a vagina, não o pénis:). Daí, desse tronco comum, ser díficil avaliar se é menino ou menina muito cedo.

Joana Vasconcelos


A valer a visita a lindíssima A Ilha dos Amores no novo espaço de exposição do renovado museu EDP.

Por casa

Memento Mori - filme lésbico com a estrutura típica dos filmes de terror adolescentes asiáticos; para quem aprecie o género vai gostar. Por mim, já estava um pouco farta daquela gritaria toda:)
Chained Girls - documentário ficcional americano dos anos 50 sobre lesbianismo; curioso porque representava a ala "tolerante", no seu discurso e representações sexuais. Actualíssimo em Portugal.

Gisberta

Não há muito mais a dizer sobre esta vergonha nacional. Do ponto de vista processual vamos a ver se as pressões internacionais obrigam a outro desfecho.
Do ponto de vista político Butler tem vindo a salientar que todas as políticas do reconhecimento têm de ser repensadas quando há violência, principalmente violência mortal. Mas não só essa violência tem de ser por nós, portugueses, assumida, como também essas mortes, e mais, esses mortos - Gisberta viva e morta foi, é e será Portugal; e é na forma como soubermos lidar com isto que nos vamos medindo.

7.19.2006

Mãos à obra!

Last chance to enter poster competition
The Breaking Stereotypes competition challenges art and design students to create a poster promoting diversity to a young audience across the EU. Individuals or teams of up to three students have until 31 July to submit their entries.
An international jury panel of young artists, designers and experts in design and communication will select the best posters. Contributions will be judged according to their creativity and originality of expression, clarity of presentation, as well as universal appeal. Winners will claim prizes of up to € 5000

7.18.2006

Feminilidades trans

"A Cisgeneronormatividade é um conceito que empurra as pessoas para uma identidade de género standard, ou seja, que exclui o fenómeno Transgénero. Não exclui especificamente, na minha opinião, o fenómeno da Transexualidade, porque uma pessoa Transexual, uma vez feita a transição, não é obrigatoriamente Transgénero: uma Mulher Transexual pode ter uma identidade de género completamente igual à de uma Mulher Cisgénero. Mesmo assim, a Cisgeneronormatividade age de uma forma diferente em relação às pessoas Transexuais, empurrando-as para uma definição ainda mais restrita do seu género."
Retirado daqui.
Este post é duma clarividência rara nas comunidades trans, no meu entender. De facto, muitas mulheres trans deixam-se restringir na sua feminilidade pela feminilidade cisnormativa, o que é uma pena. Pena porque penso que ser mulher trans inclui uma mais-valia, que é precisamente a sua história de vida de transição, que felizmente é cada vez mais assumida e integrada pelas mulheres trans, para seu próprio bem-estar psicológico e para maior liberdade, sua e de todos.
Por mais que a masculinidade possa ser vista pela mulher trans como um erro a apagar, ela foi vivida e penso que é muito duro e deshumano estar à espera que seja simplesmente apagada. Penso que todos somos mais felizes se integrarmos devidamente as nossas masculinidades e feminilidades.

Por casa

Com a recomendação de descansar as costas é um tal papar filmes:)
- o premiadíssimo (Urso de Berlim em 2004) Gegen die Wand/ Head-On do turco residente na Alemanha Fatih Akin. É um filme precisamente sobre as dificuldades em conciliar estas duas identidades, principalmente para as mulheres turcas; mas é também um filme sobre os encontros e desencontros do amor e de nós próprios. Conta ainda com uma excelente fotografia e uma banda sonora muito à Depeche Mode à altura. Nota: amareleçam as legendas que sacarem antes de as usar porque o filme tem imensas legendas alemãs (traduções do turco); isto se não perceberem alemão suficiente, claro.
- também com algum reconhecimento The scandall de Je-yong Lee, com a particularidade muito interessante de ser a leitura coreana das "Ligações perigosas" de Laclos.

7.17.2006

Limitações

Desculpem a raridade de posts. Primeiro foram os exames, depois a praia e agora estas malditas costas que me traíram e não me deixam estar sentada muito tempo:(
Vou tentar ir dando notícias - gozem bem o Verão também!

L Word na TV portuguesa

Não tenho televisão mas constou-me que a série L Word estava a ser transmitida todas as noites a horas relativamente tardias e que, agora, foi suspensa a emissão a meio da série.
Ora, estava a irritar-me a exibição duma boa série, o desbaratar duma boa série, com a sua exibição diária, principalmente porque me parecia um pouco do estilo "tomem lá a pornografiazinha da noite". Espero que esta suspensão, agora que todo o Portugal andava a ver e a comentar A Palavra L ( e isto não é mau) seja para que se retome a transmissão em compasso normal de série de qualidade.

Chuif...

Não vou ver Kanye West hoje (embora esteja fartinha de re-escutar o seu Late Registration, que show!...) mas fui ver Cheik Lô na semana passada. Podem roer-se, foi um dos melhores concertos da minha vida!

História da Vagina

Tenho andado a ler este livro que recomendo imenso.
Principia com uma recolha comparada de uma série de mitos e lendas que explicam a razão de um comportamento que ainda hoje existe em algumas sociedades e que é muito curioso, principalmente porque se trata de mais um sinal de poder que foi apropriado pelos homens.
É o seguinte: em muitas culturas, para afugentar o mal, acalmar os elementos da natureza e impor respeito aos inimigos ou aos desrespeituosos, as mulheres levantam as saias, colectiva ou individualmente, mostrando os genitais. Há toda uma tradição de respeito e veneração pelos genitais femininos que se perdeu na cultura ocidental e que, enquanto sinal visual e local de poder, não só foi invisibilizado como até foi apropriado pelos homens. E isto é só o príncipio duma série de invisibilizações que o livro narra...

Cisnormatividade

A Aline corrigiu o meu conceito de cisgeneronormatividade para cisnormatividade - a economia linguísitca destes brasileiros é demais e ela tem toda a razão. Fica aqui a correcção.

Por casa

Alguma sorte e posso recomendar-vos vários filmes:
- Debs: o Bound dos nossos tempos; não tão erótico mas igualmente irónico na recriação de um género, além de ter características estéticas muito curiosas, nomeadamente o imaginário visual da Marvel dos anos 50 (penso que foi aqui que alguém pecebeu que a Batwoman bem podia ser lésbica:). Nota: não usem as legendas brasileiras, são péssimas.
- Tan de repente: filme sobre o inesperado e sobre o rigor do amor. Muito interessante. Podia estar mais bem acabado.
- Pretty Persuasion - pouco lésbico mas pura ironia sobre a América; de partir o côco:)
- Round Trip: filme escorreito com a particularidade de se passar em Israel e de retratar um amor lésbico inter-racial. Acaba mal um pouco desnecessariamente.

Mortes por decreto

Já há duas colunas que Ana Sá Lopes anda a tentar decretar a morte da Vanessa, ou melhor, a ensaiar através da Vanessa a impossibilidade de decretarmos a morte de quem nos é querido, não restando senão a inevitabilidade de longos e dolorosos lutos, e de fantasmas mais vivos que os vivos, como a Ana bem sabe.
Ou, pelo menos, espero que seja isto que ela anda a fazer - não gostaria de ter, também eu, que lidar com a morte da Vanessa... (ainda seria pior que a morte do Nate nos Sete Palmos:).

Marcha no Porto e Porto Pride

A Marcha do Porto foi ainda mais do que a emoção que previa; pela quantidade de gente, pela alegria, pelas mensagens, pelo respeito dos transeuntes (que não correspondem de forma nenhuma ao retrato que a Lusa fez deles), pelas ruas percorridas onde já namorei, por serem claramente pessoas do Norte algumas das que desfilaram (com isto quero dizer, pessoas com o tipo de aparência que eu identifico como do Norte, bichice e fufice nortenha), pela urgência que se sentia por desfilar e pela vontade em permanecer na rua.
Igualmente emotiva pela homenagem prestada à Gisberta, à porta do edíficio que ainda não conhecia (horrorosamente tenebroso), ele próprio um símbolo estético da violência. Além da delicada e sentida homenagem marcou-me a frase duma popular que perseguia depois as trans e dizia "não se aproveitem disto, não se aproveitem disto!". Meu Deus, quem são afinal as vítimas aqui???!!!!!
De resto, e numa leitura menos emotiva, concordo inteiramente com os pontos salientados pelo Sérgio aqui.
Curioso, pelo retrato sociológico, o Porto Pride, recheado de lgbts suburbanos. Não é ambiente com que me identifique mas é uma excelente iniciativa, com óptimos espectáculos, para este público alvo.
Para o ano lá estarei de novo - muito obrigada!

7.04.2006

Co-dependência

Ainda há muita desinformação sobre o que é co-dependência e as dificuldades que essa síndrome emocional causa na vida dessas pessoas que estão sempre em busca, muitas vezes de forma perversa e autodestrutiva, de preencher o terrível vazio emocional das suas vidas.
É muito comum ligar a co-dependência as famílias que tem dependentes de álcool ou drogas, o que dificulta muitas vezes o diagnóstico e o tratamento, já que a co-dependência não se limita somente aos familiares de dependentes químicos.
Com uma baixa auto-estima, os co-dependentes vivem em função dos outros a quem querem controlar, mandar e fazem um “jogo” onde o poder de dominar é a essência. Esse domínio, a luta para tê-lo ou não é vital para o co-dependente. Tudo isso para buscar reconhecimento, para compensar uma falta de amor próprio.
Emocionalmente dependentes dos outros, não conhecem a sua realidade, não conseguem estabelecer os seus limites e perdem totalmente a sua identidade, já que passam a viver a vida do outro a quem querem controlar, desde a maneira como tem que conduzir a sua vida, os seus pensamentos e até os seus comportamentos. Essa marcação “cerrada” sobre o outro sempre causa desentendimento e mal-estar. O co-dependente acredita que é responsável pela felicidade e necessidade dos outros.
Vive uma vida de ilusão, de sofrimento, de ansiedade e de angústia. Nada está bom para ele e por mais que conquiste, sempre tem a sensação de um vazio, que está faltando alguma coisa na sua vida. Essa falta é uma das suas características em uma vida pontuada de extremos. Uma hora é o grande salvador, disposto a resolver os problemas dos outros, a ajudar e como carece de limites, constantemente está invadindo o outro com as suas orientações e conselhos que na verdade passam a ser imposições. No outro extremo é a grande vítima quando as coisas não saem como queria.
Desconhece os seus sentimentos, se sacrifica pelo outro, sempre dizendo não para si mesmo, tenta controlar a vida do outro, na qual não tem poder para isso e deixa de controlar a sua própria vida. Se sentem mal quando percebem a impotência de controlar ou mudar uma pessoa, um sentimento de fracasso toma conta de si. Tem muito medo de ficar sozinho, da rejeição, do abandono e lança mão de tudo, de uma maneira distorcida e inadequada para que isso não venha acontecer.
Quer que as coisas se resolvam e sejam da sua maneira e não percebe que muitas vezes os seus desejos e até os seus sonhos não são seus, mas da outra pessoa a quem está tentando controlar. A realidade é tão distorcida que dentro da sua ilusão acredita que a sua felicidade depende dos outros. Passa a ser um escravo, emocionalmente falando, das outras pessoas.
Tem dificuldade para se relacionar consigo mesmo, com os outros e até com Deus, a quem dá uma conotação humana devido aos abusos emocionais sofridos.
Doença gerada na família de origem que era disfuncional, o co-dependente carrega consigo sentimentos de culpa, medo, insegurança, raiva, frustração, vergonha e desenvolve comportamentos compulsivos em relação ao sexo, a alimentação, ao trabalho, ao dinheiro (fazendo gastos excessivos), ao álcool ou outras drogas em uma tentativa de controlar os seus sentimentos interiores. Tudo em vão.
O co-dependente não pode ver uma pessoa com problemas que lá está ele pronto para resolvê-los, no fundo, não para buscar uma solução para o outro, mas para si mesmo como uma recompensa. Desdobra-se nessa ajuda (tudo pelo reconhecimento), mas com certeza irá cobrar depois, e que cobrança, como se o outro tivesse a obrigação de retribuir, mas do seu modo e da sua maneira.
Quando há envolvimento com um dependente químico, as coisas se complicam.Se compararmos a co-dependência com a dependência química vamos perceber a semelhança entre elas. As duas são doenças de negação. Sintomas como a raiva, angústia, depressão e desespero, são os mesmos. O dependente químico luta para tentar controlar a droga e o co-dependente para controlar o dependente químico e em ambos o resultado é o fracasso, portanto a progressividade tanto da co-dependência como da dependência química caminham lado a lado. A negação é o grande obstáculo para um tratamento em qualquer uma das duas. É difícil para um co-dependente reconhecer que precisa mudar o seu modo de vida. Do mesmo modo, um dependente químico é resistente a mudanças. Tanto o co-dependente como o dependente químico só irá administrar com mais qualidade as suas vidas, quando admitirem o sofrimento que a doença provoca. Antes disso, não vão perceber o grau de destruição das suas vidas.
O que precisa ser ressaltado é que a co-dependência pode sim ser o início para que a pessoa desenvolva a dependência por drogas. Devido às compulsões que dominam o co-dependente que as usam para aliviar as suas dores emocionais, o risco do uso do álcool ou de outras drogas é muito grande.
Por isso é necessário que o adicto não só trate da sua adicção, mas também da sua co-dependência.
Além disso, problemas clínicos podem ser sintomas da co-dependência que se não for tratada de modo adequado vai passando de geração para geração.É fundamental que além do dependente químico estar em tratamento, os seus familiares também se tratem da sua co-dependência.
Como já foi exposto, os relacionamentos são extremamente afetados sob o impacto da co-dependência. Mas é necessário ainda acrescentar que mensagens enraizadas lá na infância podem muitas vezes interferirem no relacionamento de um casal e destruir casamentos. A “imperiosa” necessidade de fazer o outro feliz acaba sufocando a relação onde à identidade de um ou do outro não é respeitada.
Muitas vezes no seu círculo social, o co-dependente tem uma relação conflituosa. É comum ouvirmos as queixas de que “não estão respeitando os meus sentimentos” ou “estão me explorando” porque na verdade o co-dependente se liga ao outro de uma forma errada, distorcida, tentando impor o seu comando, desrespeitando limites, manipulando e como se isso fosse possível, ditar as regras e normas que a outra pessoa deve seguir na vida.
Muitas vezes falam e fazem o que não querem só para agradar os outros, se anulando com isso.
Outro ponto que precisa ser trabalhado é o preconceito que acompanha a co-dependência. A pessoa deixa de ir a uma terapia, a um grupo, a cuidar de si porque “a ligam” com dependência química (drogas).Uma pergunta muito comum que se ouve no início do tratamento é se tem cura.
Falar em “cura” em co-dependência como se tomasse uma pílula e a vida mudasse sem nenhuma interferência da própria pessoa, não existe. “Curar” em co-dependência significa reconhecer, admitir e aceitar a doença e a partir daí iniciar as mudanças no modo de viver, dar qualidade à vida, vivenciar a realidade e não insistir em uma existência baseada na ilusão, passar a controlar o que se pode controlar que é a própria vida, viver uma relação funcional, buscar o equilíbrio físico, emocional e espiritual, a auto-estima, o amor próprio e com isso melhorar o relacionamento com os outros e consigo mesmo.
Em co-dependência, “curar” significa viver a vida, descobrir o seu sentido e amá-la.
Texto retirado daqui.
As relações lésbicas são famosas pelo seu desejo de fusão emocional. Escolhi este texto para reflectir sobre a maior propensão que eventualmente existirá nesse modelo de relação para a manifestação da co-dependência.

Hard Candy

Interessantísimo e eficaz filme anti-pedofilia.
Contando ainda com uma interpretação feminina fabulosa - dizem que a actriz tinha 15 anos quando fez o filme. Quando o virem vão perceber como é surpreendente. Nova Jodie Foster?:)

Falta de tesão:)

E os exames estão ali em cima da mesa, à espera de serem corrigidos.
Eu olho para eles. Eles olham para mim... E não há aquela química, percebem?:)....

Todos ao Porto cambada!:)

Comissão Organizadora da 1ª Marcha LGBT no Porto
Fax: 222089349
E-mail: orgulhoporto@gmail.com
www.orgullhoporto.org

Porto, 3 de Julho de 2006

Caros,

Este mail destina-se a convidar-vos a participar na 1a Marcha do Orgulho LGBT no Porto.

Nos últimos anos, os temas da identidade de género e orientação sexual têm vindo a ganhar cada vez maior destaque nas discussões públicas em Portugal. Este destaque não é incidental nem passageiro, devendo-se antes a uma tomada de consciência por parte de sectores cada vez maiores e mais abrangentes da sociedade portuguesa, no sentido de que há muito por fazer (a nível legislativo, a nível das mentalidades, a nível da educação) para que esta se torne mais justa para todos os muitos e variados grupos que a constituem, e não apenas para as maiorias visíveis.
Neste sentido, queremos que esta seja mais do que uma marcha do Orgulho LGBT, mais do que uma marcha pela visibilidade das minorias GLBT, mais do que uma marcha pelas questões específicas da orientação sexual e da identidade de género. Queremos, acima de tudo, reivindicar o respeito a que todos os seres humanos têm direito, independentemente do grupo a que pertencem.

Numa sociedade democrática e de liberdades, todas as minorias têm o direito à sua dignidade.

Num ano em que o assassinato de Gisberta, que, como acontece diariamente com tantos outros, acumulou inúmeras fragilidades (imigrante, sem abrigo, transgénera...), nos recorda do quanto há para fazer pela defesa e integração das minorias, queremos a 1ª Marcha do Orgulho Lésbico, Gay, Bissexual e Transgénero do Porto seja, mais do que tudo, uma marcha pelos Direitos Humanos.

Esperamos contar com a presença não só de todos os que desejam e favorecem um maior respeito e trabalho pelas comunidades GLBT, mas também de todos os que desejam uma sociedade mais justa, integrante e respeitadora.

Vimos, assim, convocar-vos de forma a, juntos, fazermos da primeira Marcha de Orgulho do Porto um evento marcante, impulsionador da luta que partilhamos.

A marcha decorrerá no dia 8 Julho, precedida de concentração no Campo 24 de Agosto, às 15h. Concluirá na praça D. João I com uma sessão pública e a festa que juntos construiremos.

Esperamos encontrar-vos lá e agradecemos desde já a vossa presença.

A Comissão Organizadora da 1ª Marcha LGBT no Porto

Organização oficial: Panteras Rosa – Frente de Combate à Homofobia / UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta / Clube Safo / ATTAC – Portugal

Colaboradores: rede ex aequo, Bi-Portugal, PortugalGay.Pt; AT, Amnistia Internacional Portugal, Centro das Culturas AMCD, não te prives, SOS Racismo, Partido Humanista, GRIP.

Apelo

Diversas associações e alguns partidos políticos apelam à presença na Assembleia, no debate sobre a lei da Paridade, amanhã, às 15 horas. (Se é que a AR não mudou a hora da ordem de trabalhos, por causa do Portugal-França...).
Fica o apelo:
"Cara Amiga/ Caro Amigo:Depois do veto presidencial à Lei da Paridade, a Assembleia da República volta a debater a lei.O PS e o BE apresentam dois projectos de lei onde propõem a aplicação de sanções aos partidos que não respeitem a paridade nas suas listas eleitorais.O debate no Parlamento vai ocorrer a 5 de Julho, às 15 horas.É muito importante uma forte presença de mulheres nas galerias do Parlamento mostrando o seu apoio a esta Lei.Com o pedido de divulgação desta mensagem, contamos com o teu apoio."
Acrescentamos, que do nosso ponto de vista, é importante a presença , quer de mulheres, quer de homens, tod@s junt@s pela paridade. Porque à "ordem natural das coisas" é preciso dar um empurrãozinho, e o Darwinismo já era!
(Post retirado na íntegra do Colectivo Feminista)

Pink List

O Independent publicou a sua habitual lista dos 101 mais influentes homossexuais.
Entre estes encontramos 18 mulheres, encontrando-se a primeira em 20º lugar. Mesmo assim, metade das entradas são novas, o que quer dizer que a visibilidade lésbica está em crescendo.
- 20 (new)
Janet Paraskeva, Chief Executive of The Law Society
- 24 (new)
Ali Smith, Writer
- 31 (down 30)
Ashley Steel, Director, KPMG
- 34 (new)
Deborah Warner, Theatre Director
- 38 (up 41)
Carol Ann Duffy, Poet & Playwright
- 41 (down 09)
Sarah Waters, Novelist
- 46 (up 61)
Jeanette Winterson, Novelist
- 53 (up 55)
Angela Eagle, Labour MP
- 56 (new)
Phyllida Lloyd, Theatre Director
- 69 (new)
Fiona Shaw, Actress
- 76 (new)
Margot James, Entrepreneur and Political Candidate
- 81 (down 38)
Angela Mason, Director Of The Women & Equality Unit
- 85 (new)
Sandi Toksvig, Broadcaster and Writer
- 89 (s 60)
Anya Gallaccio, Artist
- 90 (new)
Saffron Burrows, Actress
- 92 (new)
Maureen Chadwick, Scriptwriter
- 93 (down 29)
Miriam Margolyes, Actress
- 94 (down 83)
Maggi Hambling, Artist
Num país onde a visibilidade é muito maior não deixa de ser notória a desproproção, de mulheres e de poder.

Contra-cisgeneronormatividade

Inquirida sobre uma aparente cisgeneronormatividade presente no seu texto anterior, Aline esclareceu:
Ser uma "mulher trans" significa que podemos ser qualquer tipo de mulher. Eu acho que estou longe de representar um estereótipo de mulher, ou de representar estereótipos comuns de feminilidade. Me acho única, e neste caso, minha constituição tem muito a ver com minha formação, com meu histórico, talvez até com o meio em que eu vivo. Me acho única. Me acho trans dyke. Acho um "luxo" de minha parte poder ter um descaso em relação a regras sociais. Porque hoje eu posso até me vestir com roupas masculinas que as pessoas continuarão a enxergar uma mulher. Para mim é como: eu, sendo uma mulher, posso me expressar e ser fora dos parâmetros socialmente rígidos e delimitados. Se muitas mulheres trans se expressam a partir de uma forma "mais geral e predominante", esta forma "mais geral e predominante" obviamente é a forma predominante de expressão das mulheres cis (não trans). Então, penso que qualquer crítica neste sentido deve levar em conta não apenas as mulheres trans mas TODAS as mulheres, sejam elas trans ou cis. É preciso levar em conta também o significado da experiência trans. Homens e mulheres trans sofrem muito mais pressão social para seguir os papéis sociais padrões do que as pessoas cis. Como afirmar-se como um homem? Como afirmar-se como uma mulher em uma sociedade que delimita os gêneros a tão mínimos limites?

Transfeminismo bi

Aline de Freitas é transexual bi e posta regularmente numa lista lgbt em que participo. Eis aqui um de seus textos que levantou uma polémica interessante:
O mais sensato é perguntar aos homens e às mulheres trans como entendema si mesmxs, e se se consideram como "segmento homo" ou participantes deuma certa "subcultura lesbigay".
Mas provavelmente sequer será possível perguntar porque a grande maioriados homens e das mulheres trans vivem suas vidas anonimamente.Transicionadxs mas procurando esconder seus passados. A grande maioriadas pessoas transexuais que conheço não possuem qualquer referência mesmo sobre movimento GLBT, como teriam sobre "segmento homo"? Isso ficabastante claro para mim em épocas de paradas GLBTs. Há um certo ar deeuforia somente entre as pessoas trans que ainda não se transicionaram.Isso porque a parada representa a possibilidade de expressarem suasidentidades sem medo. Mas para quem se transicionou as coisas adquiremum sentido bastante diferente. Sinto um clima de "parada? e o que que eutenho com isso?". E algumas pessoas vão da mesma forma como vão a umabalada, a um evento qualquer. Eu, como uma mulher trans não tenhoqualquer referência com a parada. A parada (e neste ano, a parada desampa foi bem significativa para mim neste sentido) tem um significadoem relação para mim como uma mulher bi. Foi maravilhoso poder flertargarotas livremente, beijar, nas principais avenidas da cidade. Ninguémsabia que eu era uma mulher trans. Eu era apenas uma mulher, como sou nomeu dia-a-dia. Como uma mulher trans, que vive 24 horas por dia como amulher que de fato sinto e sou, o que a parada poderia significar?
O conceito de "orgulho" (orgulho gay, orgulho lésbico, orgulho LGBT) ébastante complicado quando falamos de homens e mulheres transexuais.Porque o que nos objetiva não é ser apontados como "trans" mas comohomens e mulheres de fato, tal qual nos entendemos e nos expressamos.Por isso o anonimato é tão recorrente e necessário. O ativismo trans temseus riscos, e a questão do anonimato é um deles.
Sinto que estamos passando por uma verdadeira revolução trans nestesúltimos anos. E isso sem dúvida deve-se pela popularização da internet.Até poucos anos os guetos lésbicos-gays eram dos poucos refúgios ondepessoas trans buscavam abrigo. Mas nestes lugares não eram e não sãoreconhecidxs como homens e mulheres tal qual suas identidades mas como"homossexuais". Falta de conhecimento e repressão social serviram eainda servem para que homens e mulheres trans não se transicionem. Ainternet, a difusão do conhecimento abriram as portas para que muitaspessoas trans busquem orientação, apoio. E mais que isso a internetpossibilitou um avanço estrondoso nos estudos de gênero. Estamos bebendoda água do feminismo e produzindo frutos dos mais saborosos. Porquefaltou as nossas próprias perspectivas, nossas próprias visões, nossaspróprias vozes.
Até a alguns anos atrás poucas eram as pessoas trans de visibilidade que eram capazes de expressar-se sobre seus próprios direitos e sobre seupapel na sociedade. Hoje tudo muda. E dada a atual velocidade nodesenvolvimento e na difusão do conhecimento certamente muito mais há demudar.
Agora, enquanto uma mulher bi, ainda assim rejeito a idéia de um"segmento homo". Porque não sou delimitada. Porque não faço parte doconjunto homo. Porque abraço o TODO. Porque sou pela livre orientaçãosexual. Assim como sou pela livre expressão de gênero.

Transfeminismo lésbico

Um texto muito interessante sobre esta questão traduzido pela Aline.

7.03.2006

Coragens/Orgulhos

Hoje li o post mais corajoso que alguma vez li.
Se insisto muitas vezes aqui que as nossas lutas têm tanto de emocional-privado como de político-público, ou mesmo que estes aspectos não se destrinçam tanto assim, este post é a prova chapada de que é assim - ou não é.

Milagres a gosto

How many sorrows
Do you try to hide
In a world of illusions
That's covering your mind?
I'll show you something good
Oh I'll show you something good.
When you open your mind
You'll discover the sign
That there's something
You're longing to find...
The miracle of love
Will take away your pain
When the miracle of love
Comes your way again.
(Eurythmics, claro)
Dar biberão ao meu sobrinho João e abraçar a minha sobrinha Maria faz milagres - daqueles bons, dos que a malta gosta e precisa:)

Assim, sim!

Maturidade, contenção, criatividade - foi um gosto ver a nossa equipa desta vez. Até parece equipa para ganhar o Mundial!
Até porque a exibição anterior não era lesiva só da equipa. Viram como o Figo se desdobrou em acções beneméritas a seguir? Quem quer publicidade com a cara de jogadores violentos e sem fair play?