Richard Foreman
Nunca vi nada dele. Mas durante a conferência passaram... imagens.
O André andava histérico com ele, fui então espreitar este dramaturgo-filósofo.
Como não podia deixar de ser nos nossos tempos é um homem que eu caracterizaria principalmente como um homem cheio de contradições e dúvidas. Ou, como ele disse, um homem que tem bem noção do valor de hesitar, parar... e experimentar diferente.
Suponho que o propósito de ter escolhido o tema da morte do inconsciente ontem se deve ao facto de muitos poderem ter uma leitura incorrecta do papel do inconsciente no seu trabalho e forma de produzir. Salientou que o inconsciente já não é o território desconhecido por excelência, ou seja, o seu papel não é, como nunca foi (e aí está o equívoco), um papel repressor do desconhecido - o inconsciente é produtivo, prolífero, delirante e, se bem que não seja colectivo, pode ainda bem ser comunitário (e é esta chave de salvação política duma eventual desorientação que o próprio Foreman deve ter sofrido a dada altura, que eventualmente lhe foi trazida pela colaboração de Sophie Haviland - especulo eu que nada sei da história de ambos). Mas a forma de comunicar por entre estes inconscientes comunitários não pode ser voluntarista/activista - só pode ser experimental, maquínica (até a própria palavra é máquina, instrumento), metafórica, ela própria delirante e em risco permanente de nada dizer afinal. Um trabalho de coragem para o Verdadeiro Artista de hoje - pois, porque ele não se diz pós-moderno, ele sabe bem como vai e porquê, apesar de não saber exactamente para onde.